São Paulo, domingo, 16 de julho de 2000


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Fábio Simão disse a amigos que guarda mais revelações contra familiares do senador Romeu Tuma

Assessor diz que fitas são "pequena parte"

RUI NOGUEIRA
SECRETÁRIO DE REDAÇÃO DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

VALÉRIA DE OLIVEIRA
FREE-LANCE PARA FOLHA

Fábio Simão, assessor do senador cassado Luiz Estevão e diretor da rádio OK, de propriedade do ex-senador, e seu assessor de imprensa, Edson Sombra, disseram a amigos, segundo a Folha apurou, que as fitas divulgadas pela revista "IstoÉ" são apenas uma pequena parte de um material que tem muito mais revelações sobre mais gente e, principalmente, o senador Tuma (PFL-SP) e o Tuminha (Robson Tuma/PFL-SP, filho do senador).
Apesar disso, Simão divulgou ontem uma nota, assinada por Sombra, afirmando não ser o autor das gravações com o ex-juiz Nicolau dos Santos Neto.
A intenção é mostrar que Estevão não aceitará a "operação abafa" do governo, que teria acontecido com os escândalos da compra de votos para a reeleição, o dossiê Caribe e as fitas do BNDES.
A nota de Simão tem três pontos. Começa dizendo que desconhece a existência e o teor das fitas, e "nunca ter participado nem realizado nenhuma operação no sentido de ouvir o juiz Nicolau". O terceiro ponto é uma espécie de elogio ao trabalho de gravação e ao conteúdo das fitas.
"Se tivesse tido acesso às fitas, as teria dado publicidade (sic) imediatamente, por ter consciência de estar prestando importantíssimos serviços à nação."
O tom de regozijo da nota foi adotado ontem pelo assessor Edson Sombra ao conversar com a Folha, enquanto comandava o seu programa "Brasília Total", na rádio OK, que vai ao ar todos os sábados, das 13h às 15h.
Ao final da execução de uma música, Sombra interrompeu a conversa para voltar ao programa. Disse no ar: "Amigo Luiz Estevão de Oliveira Neto, vamos pra frente, companheiro. O risco que corre o pau corre o machado".
Sombra e Simão, segundo a Folha apurou, fazem parte de uma tropa de choque mobilizada por Estevão para levantar informações e montar dossiês para denunciar e chantagear quem eles julgam serem os "maiores culpados pelo que fizeram a Estevão".
Uma das tarefas é percorrer cartórios para levantar o patrimônio registrado dos adversários.
Sombra disse ontem à Folha, ao justificar a nota de Simão, que as declarações do juiz Nicolau não podem ser desqualificadas porque ele está foragido.
"O Jorge Meres está aí dando boas informações à PF, certo?", disse Sombra, referindo-se ao ex-colaborador do desvio de cargas de caminhões, preso pela polícia e que se transformou em informante da CPI do Narcotráfico.
Um dos assessores de Estevão, que pediu anonimato, disse ontem à Folha que em Brasília há muita gente revoltada com o que aconteceu com o Luiz Estevão e logo vai começar a vazar para a imprensa mais informação.
Sobre novas fitas, ele respondeu que a "operação abafa" não vai funcionar. Romeu Tuma e o filho, Robson, são alvos preferidos por dois motivos: pelo fato de o senador ter dito que só tinha relacionamentos protocolares com o juiz -"uma piada", disse Sombra- e por ter sido um dos parlamentares mais ativos no processo de cassação do ex-senador Estevão.
A reportagem da Folha procurou Fábio Simão, ontem, na rádio OK.
O porteiro disse que ele não estava e que "havia dias que não o via".


Colaborou Lisandra Paraguassú, da Sucursal de Brasília


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