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Candidato mais à esquerda é opção de 26% dos eleitores contra 52% dos que afirmam escolher nome conservador
Maioria diz preferir candidato da direita
DO CONSELHO EDITORIAL
Pouco mais da metade dos brasileiros pesquisados (exatos 52%)
prefere um candidato mais à direita, revela um segundo item da
pesquisa do Datafolha.
Um candidato mais à esquerda
teria o voto de 26%.
Nas regiões Nordeste e Norte/
Centro-Oeste, a taxa dos que preferem um candidato mais à direita atinge 58%. No Sudeste, são
28% os que preferem um candidato mais à esquerda.
Entre os Estados, o Rio é onde a
taxa dos que preferem um esquerdista é mais alta, 32%. No Ceará,
chega a 63% o índice dos que preferem um direitista.
Mas os números desta segunda
parte da pesquisa devem ser tomado com cuidado, em primeiro
lugar porque a maioria relativa
não sabe dizer o que é ser de esquerda ou de direita (43% e 42%,
respectivamente).
Além disso, há uma razoável
confusão de conceitos, a ponto de
o PC do B, o partido mais definidamente de esquerda do país
(junto com o PSTU), ter sido
apontado como de direita por
16% dos pesquisados e como de
centro por 7% deles (leia texto na
pág. A-25).
O ex-ministro tucano Luiz Carlos Bresser Pereira chega a achar
que esse tipo de pergunta "é inteiramente inútil, porque uma grande parcela admite que não sabe e,
os que pensam que sabem, de fato
não sabem". Reforça o cientista
político Bolívar Lamounier:
"Quando eu lidava com esse tipo
de pesquisa, frequentemente
constatava que os percentuais da
direita eram inflados porque as
pessoas confundiam "direita" com
"ser direito", ser correto".
André Singer, professor da Faculdade de Filosofia, Letras e
Ciências Humanas da USP (Universidade de São Paulo), que acaba de publicar um livro intitulado
exatamente "Esquerda e Direita
no Eleitorado Brasileiro", pela
Edusp, é bem menos desconfiado
desse tipo de pesquisa.
"As pessoas podem não saber
verbalizar, mas sabem mais ou
menos localizar onde estão e onde
está o seu candidato", diz o professor da USP.
Se de fato os brasileiros sabem
onde estão, estão mais à direita.
Dos pesquisados, 37% se colocam
à direita do centro, distribuídos
entre 18% na extrema-direita, 8%
na direita e 11% na centro-direita.
À esquerda, ficam 27%: 11%
consideram-se de extrema-esquerda, 6% de esquerda e 10% de
centro-esquerda.
Centristas puros são 16% dos
pesquisados, enquanto os restantes 19% não souberam responder.
Entre os que estudaram até o
primeiro grau, 41% se alinham
mais à direita. Essa taxa cai para
33% entre os que estudaram até o
segundo grau e para 27% entre os
que têm nível superior.
Outra vez, o Rio é o Estado com
a maior taxa dos que se dizem à
esquerda (32%) e o Ceará o de
maior índice dos que se posicionam à direita (46%).
A confusão de conceitos ressurge quando se pede aos entrevistados que digam o que é ser de esquerda. A opção com maior número de votos (14%) foi "ser contra o governo/não apoiar/votar
contra o governo".
É óbvio que, se o governo for de
esquerda, ser contra ele não coloca ninguém à esquerda. Mas, no
caso específico do Brasil, há uma
certa lógica na resposta: como
não houve, a rigor, nenhum governo (federal) de esquerda, parece natural que a oposição seja
identificada com a esquerda.
Colaborou a Redação
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