São Paulo, domingo, 16 de julho de 2000


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Estagnação econômica aumenta o desgaste da ordem institucional

DA REDAÇÃO

A estagnação econômica sofrida pelo país nos últimos anos contribuiu para a diminuição do apoio ao regime democrático.
A proporção de democratas convictos é menor precisamente entre os que consideram o Plano Real ruim ou péssimo (43%) e reprovam o presidente Fernando Henrique Cardoso (44%).
É nesses dois grupos que o apoio a uma ditadura alcança seus níveis mais altos: 21% entre aqueles que rejeitam FHC e 20% entre os que reprovam o Real.
A correlação entre a existência de uma recessão e a ocorrência de uma crise política é objeto de discussão. Uma regressão econômica não conduz necessariamente a uma perturbação na ordem institucional, mas sempre provoca uma erosão, em maior ou menor grau, do apoio ao regime vigente.
O desgaste do regime aumenta a probabilidade de uma mudança institucional: uma recessão provoca a falência de milhares de empresas, o que aumenta a impopularidade do regime junto aos empresários e trabalhadores. Não por acaso, as crises políticas no país acompanharam as recessões.
Em 1992, a Câmara aprovou a abertura do processo de impeachment de Fernando Collor, cujo mandato foi marcado pela recessão: em 1990, o PIB per capita caiu 6,2%, e continuou declinando em 1991 (-0,8) e 1992 (-2,7).
Anos antes, o regime militar também se esfacelou sob o impacto de uma recessão. O governo João Baptista Figueiredo adotou em 1981 uma política restritiva. O PIB per capita caiu 5,7% em 1981, 1,5% em 1982 e 2,7% em 1983. Em 1984, o PDS rachou, permitindo a vitória do PMDB em 1985.
Esse mesmo regime militar tinha surgido em 1964, em meio a recessão que se estendeu de 1963 até 1965. Outra recessão, provocada pela crise de 1929, coincidiu com a Revolução de 1930.


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