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Estagnação econômica aumenta o desgaste da ordem institucional
DA REDAÇÃO
A estagnação econômica sofrida pelo país nos últimos anos
contribuiu para a diminuição do
apoio ao regime democrático.
A proporção de democratas
convictos é menor precisamente
entre os que consideram o Plano
Real ruim ou péssimo (43%) e reprovam o presidente Fernando
Henrique Cardoso (44%).
É nesses dois grupos que o
apoio a uma ditadura alcança
seus níveis mais altos: 21% entre
aqueles que rejeitam FHC e 20%
entre os que reprovam o Real.
A correlação entre a existência
de uma recessão e a ocorrência de
uma crise política é objeto de discussão. Uma regressão econômica não conduz necessariamente a
uma perturbação na ordem institucional, mas sempre provoca
uma erosão, em maior ou menor
grau, do apoio ao regime vigente.
O desgaste do regime aumenta a
probabilidade de uma mudança
institucional: uma recessão provoca a falência de milhares de empresas, o que aumenta a impopularidade do regime junto aos empresários e trabalhadores. Não
por acaso, as crises políticas no
país acompanharam as recessões.
Em 1992, a Câmara aprovou a
abertura do processo de impeachment de Fernando Collor, cujo
mandato foi marcado pela recessão: em 1990, o PIB per capita caiu
6,2%, e continuou declinando em
1991 (-0,8) e 1992 (-2,7).
Anos antes, o regime militar
também se esfacelou sob o impacto de uma recessão. O governo
João Baptista Figueiredo adotou
em 1981 uma política restritiva. O
PIB per capita caiu 5,7% em 1981,
1,5% em 1982 e 2,7% em 1983. Em
1984, o PDS rachou, permitindo a
vitória do PMDB em 1985.
Esse mesmo regime militar tinha surgido em 1964, em meio a
recessão que se estendeu de 1963
até 1965. Outra recessão, provocada pela crise de 1929, coincidiu
com a Revolução de 1930.
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