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REFORMA NO AR
Presidente intervém no calendário porque quer ouvir governadores sobre proposta da Previdência
Sem consenso, Lula decide adiar relatório
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A fim de dar tempo para que os
governadores sejam consultados,
o presidente Luiz Inácio Lula da
Silva, que está na Europa, determinou o adiamento da apresentação do relatório da reforma da
Previdência, que estava marcada
para hoje, por 24 horas.
O mesmo pedido havia sido feito pelos governadores, que advertiram o Palácio do Planalto: não
pretendem assumir sozinhos o
ônus por eventuais mudanças na
proposta original de reforma da
Previdência, acertadas entre eles e
o presidente em pelo menos três
reuniões em Brasília.
A intervenção de Lula ocorreu
quando sete deputados que lideram o grupo governista do PT almoçavam ontem com José Dirceu
(Casa Civil), no Planalto, para definir o discurso a ser adotado daqui em diante. No meio da reunião, o ministro recebeu o telefonema do presidente pedindo o
adiamento para amanhã, quando
ele já estará em Brasília.
Na reunião do final da tarde, na
Casa Civil, Dirceu manteve contato com o presidente Lula e com o
ministro Antonio Palocci Filho
(Fazenda) por telefone durante
todo o encontro.
Os 27 chefes de Executivo estaduais também pediram o adiamento e devem tomar conhecimento das propostas hoje, por
meio dos cinco governadores, cada um representando uma região,
que as discutiram ontem no Palácio do Planalto. Ao final do dia, os
governadores darão uma reposta.
Ontem, ao sair da reunião com
Dirceu, a comissão de cinco governadores informou que ainda
não houve acordo em torno da
nova proposta do governo, que
prevê a manutenção da aposentadoria integral dos atuais servidores. "Não aceitamos nada por enquanto. Vamos ouvir os demais
governadores", afirmou Germano Rigotto (PMDB-RS).
O recado dos governadores ao
governo federal foi dado na reunião que começou às 16h45 e terminou às 19h30 na Casa Civil.
Também participaram o ministro
Ricardo Berzoini (Previdência) e
líderes congressistas.
Eles admitem discutir mudanças como a manutenção da aposentadoria integral dos atuais servidores públicos, mas querem
também negociar "reivindicações
históricas", como maior participação dos Estados na divisão do
bolo tributário. Apesar disso, os
governadores afirmaram que não
vão barganhar nem misturar as
propostas da reforma da Previdência com a tributária.
Em reunião prévia no meio da
tarde, em um hotel de Brasília,
também avaliaram que o governo
federal, ao dizer que eventuais
mudanças na reforma previdenciária depende deles, tenta fazer
média com setores corporativistas e jogar sobre eles a responsabilidade das mudanças.
"Não dá para o governo federal
transferir aos governadores o
ônus da manutenção desta ou daquela parte da reforma porque ela
contraria esse ou aquele segmento. Esta é uma questão grave",
afirmou o governador de Minas,
Aécio Neves (PSDB).
"Fomos solidários, fomos co-responsáveis, e, de repente, nós
não podemos ter nas nossas costas o ônus e a responsabilidade
pelas mudanças e por recuos em
relação a essas mudanças", fez coro o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB).
Esse foi o tom da reunião no
Planalto. Além de Aécio e Perillo,
participaram da discussão os governadores Eduardo Braga (PPS-AM), Germano Rigotto (PMDB-RS) e Vilma Maia (PDT-RN).
Na reunião prévia realizada em
um hotel de Brasília, os governadores acertaram que não decidiriam nada na conversa no Planalto: iriam apenas tomar conhecimento das mudanças em discussão entre o governo, o Judiciário e
o Congresso.
"O momento é de uma certa
apreensão, de uma certa tensão.
Conversamos várias vezes e até
agora não temos respostas concretas em relação a reivindicações
histórias por parte de governadores e prefeitos", disse Perillo.
"Queremos saber até aonde o
governo está disposto a ir, tanto
na reforma previdenciária quanto
na tributária", disse Aécio.
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