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A VOZ DO PT
Zezé di Camargo e Luciano fizeram show que arrecadou fundos para o partido
Dupla aguarda empréstimo para turnê
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA REPORTAGEM LOCAL
A dupla sertaneja Zezé di Camargo e Luciano, que tem feito
shows para o PT, aguarda resposta do Banco do Brasil sobre pedido de patrocínio para sua turnê.
O partido está negociando a
compra de um prédio de 12 andares, nos Jardins, bairro nobre de
São Paulo, para reunir os diretórios nacional, estadual e municipal do PT. O edifício está avaliado
em cerca de R$ 20 milhões.
Para arrecadar fundos, os cantores realizaram na noite de terça-feira um show para 2.000 pessoas
na churrascaria Porcão, em Brasília. A festa garantiu a arrecadação
de R$ 500 mil -cada ingresso
custou R$ 250. Na semana passada, foi realizado um show no
Olympia, em São Paulo, com o
mesmo objetivo.
A relação da dupla com o PT
não é nova. A dupla participou da
campanha do partido nas eleições
de 2002. No dia 12 de junho, os
cantores foram a um almoço que
antecedeu a festa junina do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na
Granja do Torto.
O pedido de patrocínio foi encaminhado ao Banco do Brasil na
segunda quinzena de março. O
valor solicitado não foi informado, mas especula-se que sejam R$
5 milhões. A instituição informou
que já patrocinou, em 2000, um
show da dupla em Cuiabá.
O líder do PSDB, senador Arthur Virgílio (AM), encaminhou
ontem requerimento à Comissão
de Fiscalização e Controle para
convocar o presidente do BB,
Cássio Casseb, para se explicar.
O Banco do Brasil, por sua assessoria, informou que se trata de
um pedido comum, e os critérios
de avaliação são técnicos e não sofrem influência política. A resposta do banco ao pleito da dupla sairá em algumas semanas.
O banco possui neste ano uma
carteira de R$ 100 milhões para
investimentos em marketing cultural, marketing esportivo e promoção de vendas. Do total, 90% já
estão empenhados em projetos de
auxílio a torneios e equipes de vôlei e de tênis, festival de cinema e
shows artísticos. Até o fim do ano,
portanto, o banco disponibiliza
R$ 10 milhões a outros eventos.
O senador Jorge Bornhausen
(PFL-SC), por sua assessoria, disse que pode haver indícios de favorecimento político, mas ainda
não há provas de irregularidade.
A Folha procurou o Diretório
Nacional do PT em São Paulo e o
presidente da sigla, José Genoino,
mas ninguém ligou de volta.
O empresário de Zezé di Camargo e Luciano, Rommel Marques, 46, afirma que não existe nenhuma vinculação entre o pedido
de patrocínio da dupla ao banco e
sua ligação com as campanhas
partidárias do PT.
Ele diz que não há agenda definida para as próximas eleições,
mas que é provável que a dupla
trabalhe novamente para o PT,
mediante cachê. O critério, afirma, é de afinidade.
Quanto aos shows que teriam tido receitas revertidas para a compra de nova sede petista, Marques
diz que, sim, a dupla doou ao PT
show realizado na semana passada em São Paulo. Quanto à apresentação em Brasília, na terça-feira, diz que a dupla recebeu cachê
do restaurante. "Se isso foi revertido ou não para o PT, é algo do
nosso desconhecimento."
Sobre o patrocínio pedido ao
Banco do Brasil, Marques se recusa a confirmar o valor ventilado,
que seria de R$ 5 milhões.
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