São Paulo, sexta-feira, 16 de julho de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

A VOZ DO PT

Zezé di Camargo e Luciano fizeram show que arrecadou fundos para o partido

Dupla aguarda empréstimo para turnê

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA REPORTAGEM LOCAL

A dupla sertaneja Zezé di Camargo e Luciano, que tem feito shows para o PT, aguarda resposta do Banco do Brasil sobre pedido de patrocínio para sua turnê.
O partido está negociando a compra de um prédio de 12 andares, nos Jardins, bairro nobre de São Paulo, para reunir os diretórios nacional, estadual e municipal do PT. O edifício está avaliado em cerca de R$ 20 milhões.
Para arrecadar fundos, os cantores realizaram na noite de terça-feira um show para 2.000 pessoas na churrascaria Porcão, em Brasília. A festa garantiu a arrecadação de R$ 500 mil -cada ingresso custou R$ 250. Na semana passada, foi realizado um show no Olympia, em São Paulo, com o mesmo objetivo.
A relação da dupla com o PT não é nova. A dupla participou da campanha do partido nas eleições de 2002. No dia 12 de junho, os cantores foram a um almoço que antecedeu a festa junina do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na Granja do Torto.
O pedido de patrocínio foi encaminhado ao Banco do Brasil na segunda quinzena de março. O valor solicitado não foi informado, mas especula-se que sejam R$ 5 milhões. A instituição informou que já patrocinou, em 2000, um show da dupla em Cuiabá.
O líder do PSDB, senador Arthur Virgílio (AM), encaminhou ontem requerimento à Comissão de Fiscalização e Controle para convocar o presidente do BB, Cássio Casseb, para se explicar.
O Banco do Brasil, por sua assessoria, informou que se trata de um pedido comum, e os critérios de avaliação são técnicos e não sofrem influência política. A resposta do banco ao pleito da dupla sairá em algumas semanas.
O banco possui neste ano uma carteira de R$ 100 milhões para investimentos em marketing cultural, marketing esportivo e promoção de vendas. Do total, 90% já estão empenhados em projetos de auxílio a torneios e equipes de vôlei e de tênis, festival de cinema e shows artísticos. Até o fim do ano, portanto, o banco disponibiliza R$ 10 milhões a outros eventos.
O senador Jorge Bornhausen (PFL-SC), por sua assessoria, disse que pode haver indícios de favorecimento político, mas ainda não há provas de irregularidade.
A Folha procurou o Diretório Nacional do PT em São Paulo e o presidente da sigla, José Genoino, mas ninguém ligou de volta.
O empresário de Zezé di Camargo e Luciano, Rommel Marques, 46, afirma que não existe nenhuma vinculação entre o pedido de patrocínio da dupla ao banco e sua ligação com as campanhas partidárias do PT.
Ele diz que não há agenda definida para as próximas eleições, mas que é provável que a dupla trabalhe novamente para o PT, mediante cachê. O critério, afirma, é de afinidade.
Quanto aos shows que teriam tido receitas revertidas para a compra de nova sede petista, Marques diz que, sim, a dupla doou ao PT show realizado na semana passada em São Paulo. Quanto à apresentação em Brasília, na terça-feira, diz que a dupla recebeu cachê do restaurante. "Se isso foi revertido ou não para o PT, é algo do nosso desconhecimento."
Sobre o patrocínio pedido ao Banco do Brasil, Marques se recusa a confirmar o valor ventilado, que seria de R$ 5 milhões.


Texto Anterior: Caso Santo André: Gomes da Silva deixa prisão após 218 dias
Próximo Texto: Nordeste: Projeto do São Francisco será menor que previsto
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.