São Paulo, segunda-feira, 16 de julho de 2007

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Toda Mídia

Nelson de Sá

Sem pantera negra

Reprodução de TV
Com "força total" e 700 profissionais na cobertura, nas contas da "Variety", a Globo não deu ao vivo o pódio de Diogo Silva


Domingo de Pan, mas a Globo parecia só ter olhos para o futebol, antes mesmo do jogo -em que Galvão Bueno defendeu os seus, como é de rotina, contra os que recusaram dar "sim à convocação" e à audiência.
E assim, no Pan, saiu "o primeiro ouro do Brasil", mas a emissora que moldou a grade do evento à sua imagem não deu ao vivo nem a entrega da medalha. Preferiu o "Domingão". E nada, nem na entrevista ao "Fantástico", de lembrar que é o mesmo Diogo Silva que fez o gesto célebre de "pantera negra" em 2004, como destacaram Folha Online e outros. Gesto que evitou agora, mas repetindo o ataque aos dirigentes -ataque que só se encontrava on-line, não na Globo.
Diogo foi para a emissora, quando tanto, "o menino que preocupava a mãe por arrumar briga na rua", mas acabou salvo pelo esporte. Nada de consciência negra.

"ENDEMIA"
O "Times" de Londres foi dos mais críticos ao Pan, sob o título "Conflito com gangues de favela ameaça prestígio de sediar jogos". Era referência à bala perdida que atingiu um jogador de futebol enquanto se iniciavam os Jogos no Rio. O jornal viu mais "problemas endêmicos, particularmente a burocracia ineficiente e corrupta", com seus "cartolas corruptos", a ameaçar vôos maiores, como uma Copa.

"MÃOS LIMPAS"
O "Washington Post" de Monte Reel deu a reportagem "Onda de casos de corrupção no Brasil", mas sob ponto de vista diverso do costumeiro. No subtítulo, "Presidente tido como arquiteto da limpeza mantém apoio popular até quando caem seus aliados". O "WP" destacou um agente federal que "antes só chutava porta de favela" e "agora pega elevadores panorâmicos para escritório de ar refrigerado".

OUTRO CHÁVEZ

Hugo Chávez, que não veio e escapou das vaias para Lula no Maracanã, tem uma biografia a caminho. Bob Fernandes, do Terra Magazine, deu longa entrevista para a capa da revista de fim de semana do "Valor", intitulada "Um outro Chávez". Avisa que não vai retratar aquele "já transitado em julgado no imaginário brasileiro". Sobre as rusgas com Lula, diz serem provocadas por "disputa de mercado", petróleo contra etanol. E que "é interessante para Lula, no fundo, ter Chávez em posição mais radical".

UM DIA SEM
Na Venezuela sob Hugo Chávez, a manchete nos meios estatais, ontem, era que "a final será transmitida para 200 países" e "mais de três milhões de pessoas em todo o planeta". Outra notícia, que ecoou pelo exterior, era que ele "suspendeu seu programa de rádio e TV" e "cedeu" o horário para mostrar a Copa.

SARKOZY GLOBAL
O presidente da França, Nicholas Sarkozy, que bancou a indicação de um europeu para chefiar o FMI, contra a opinião da Grã-Bretanha e do Brasil e outros emergentes, agora avisa que pode "viajar ao Brasil" para vender seu candidato. Na TV francesa, anunciou uma "campanha" mundial, segundo a Reuters.

NEGRITUDE

revistabrasileiros.com.br
Na capa, o preconceito enfrentado pelo ator


"Brasileiros", nova revista de reportagens, deu capa de seu primeiro número para o ator Lázaro Ramos e uma pesquisa Ibope com grupos de discussão -em que "houve praticamente unanimidade na afirmação de que o Brasil é extremamente preconceituoso". Mas também houve eco de notícias editadas com estardalhaço pela Globo, contra cotas nas universidades e apontando a ascendência branca dos negros brasileiros -este um levantamento genético de celebridades que o blog de Luiz Felipe de Alencastro questiona há semanas.
Mas não adianta, afirma Nei Lopes, "referência sobre negritude" ouvido por outra revista mensal, "E". "Até hoje tem gente que bate o pé que racismo não existe, é coisa de EUA e África do Sul, mas a gente sabe que não é assim".

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@ - Nelson de Sá


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