São Paulo, Sexta-feira, 16 de Julho de 1999
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Carvalho é cotado para pasta

da Sucursal de Brasília

Políticos do PSDB e empresários paulistas que ajudaram a fritar Celso Lafer poderão acabar se queimando com seu virtual sucessor, Clóvis Carvalho.
Carvalho, com certeza, não estava na lista de nomes preferidos pelos críticos de Lafer. Sua popularidade entre tucanos é péssima, não é empresário nem especialista em comércio exterior e tem fama de ser desagregador.
Mas foi a necessidade de tirar Carvalho do Palácio do Planalto sem dar a aparência de que sairia humilhado que motivou o presidente a pedir a Lafer o seu cargo.
Até a semana passada, a avaliação política de FHC era que Lafer deveria continuar no Desenvolvimento. O presidente chegou a afirmar, durante jantar privado, que Lafer era como Pedro Malan, ministro da Fazenda: sempre havia rumores sobre sua saída, mas ele ficaria até o fim do governo.
Conversas em São Paulo na sexta e no sábado convenceram FHC de que a permanência de Carvalho no Planalto não tinha mais a indispensável sustentação (ou tolerância) de aliados importantes, como o governador Mário Covas.
Carvalho era identificado como o principal entrave ao deslanchamento do segundo mandato de FHC. Apesar de ser muito eficiente como administrador da rotina palaciana, ele é visto como incapaz de articulações políticas indispensáveis para o governo.
No primeiro mandato, a presença no Planalto de pessoas como Gelson Fonseca e Sérgio Amaral dava ao governo mais mobilidade em negociações políticas e gerenciamento de imagem.
Naquele ambiente, Carvalho podia se dedicar prioritariamente ao aspecto da gestão interna.
A saída de Fonseca e Amaral e a propensão concentracionista de Carvalho lhe deram poder, mas ressaltaram suas fragilidades.
O escândalo das viagens para Fernando de Noronha nas asas da FAB piorou sua situação.
A análise que prevaleceu junto ao presidente foi que os problemas do país neste momento são políticos, não econômicos.
A solução para as dificuldades do governo tinha de vir da área política, com a nomeação de alguém para a Casa Civil que pudesse viabilizar a realização de uma agenda de ações prioritárias.
Apesar disso, FHC resistia à idéia de afastar Carvalho, conhecido por sua fidelidade ao presidente, que, com certeza, lhe deve serviços prestados. (CELS)


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