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MST promove outra invasão no PR
MARI TORTATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA
Horas depois do pronunciamento do presidente Luiz Inácio
Lula da Silva em cadeia nacional
de rádio e TV, quando criticou a
radicalização na questão agrária,
o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) promoveu uma invasão em General
Carneiro, no sul do Paraná.
A fazenda Rondon foi invadida
por cerca de 320 sem-terra na madrugada de ontem, que saíram
das margens da PR-170, em Bituruna, e entraram na propriedade
da indústria de madeiras Zattar.
Os proprietários afirmam que a
fazenda é destinada ao reflorestamento de pinus e à criação de peixes. Uma parte estaria arrendada
para a criação de gado.
Segundo o superintendente do
Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) no
Paraná, Celso Lisboa de Lacerda,
"há forte suspeita" de que a fazenda seja improdutiva, mesmo não
integrando a lista de áreas passíveis de desapropriação.
Lacerda disse que a invasão de
ontem anulou qualquer possibilidade de a fazenda vir a ser vistoriada. "Tínhamos relacionado a
fazenda para vistoria acatando
sugestão do próprio MST, mas a
invasão inviabilizou nossa ação."
Morte
Na noite de anteontem, o sem-terra Zenilto Ribeiro morreu com
um tiro na cabeça enquanto dormia no barraco da família no
acampamento da fazenda Cajati,
em Cascavel, oeste do Estado.
A Polícia Civil ainda não tem
suspeitos, mas a mulher e um irmão do morto acreditam em
atentado de dissidentes do MST.
O matador pertenceria ao MTR
(Movimento dos Trabalhadores
Rurais), que reúne trabalhadores
da região expulsos do MST.
"Há muitos integrantes [dos
movimentos agrários] que não
querem terra, querem é estragar a
vida dos outros", disse Zezilto Ribeiro, irmão do sem-terra que foi
assassinado. A Agência Folha não
conseguiu localizar representantes do MTR.
O superintendente do Incra
confirmou a dissidência e disse
que esse grupo se identifica como
sendo de "bandeira branca".
A invasão de ontem foi a segunda em 24 horas no Paraná. Na manhã de quinta-feira -dia em que
Lula se deslocava ao Estado-, o
MST liderou cerca de 2.000 sem-terra que entraram numa fazenda
em Laranjal, no centro-oeste.
Ontem, os proprietários da área
conseguiram reintegração de posse na Justiça, mas os sem-terra
não atenderam à notificação. Os
líderes estaduais do MST não foram localizados para falar sobre
os episódios, pois estariam reunidos em São Paulo e não poderiam
ser localizados.
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