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CHOQUE DE PRESIDENTES
Tucano comenta declarações do sucessor a senadores e diz que se tem algo errado "ele tem de investigar"
FHC vê risco de retrocesso no social com Lula
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disse ver risco de
"retrocesso" na política social, se
o governo Luiz Inácio Lula da Silva não corrigir falhas no Bolsa-Família, e que o sucessor "aprofunda" a política econômica deixada. "Faz superávit primário
maior e acabou de elevar os juros
para tentar combater a inflação."
Em conversa por telefone ontem com a Folha, FHC disse que
Lula "tira mérito dele mesmo,
apequena-se" por ter dito em jantar com senadores na última segunda-feira que o tucano fizera a
transição entre seus governos pelo interesse de não ver supostos
erros seus investigados depois.
"Se houve algo errado, ela tem a
obrigação de investigar. Do contrário, é, no mínimo, um erro." A
transição, disse, foi "planejada".
Argumenta que um decreto seu
em janeiro de 2002 já previa o formato, "qualquer que fosse o vencedor [da eleição daquele ano]".
Avaliou que há "má informação" baseando declarações de Lula. Citou como exemplo a afirmação do petista de que sua política
externa é melhor por ter recorrido
à OMC (Organização Mundial do
Comércio). "Falta informação ao
presidente. Sempre recorremos à
OMC. As conquistas que saíram
agora, no café, no açúcar, foram
frutos dessas ações", disse FHC.
Indagado sobre a admissão do
governo de que não controla a freqüência dos alunos beneficiados
pelo Bolsa-Família, afirmou estar
"preocupado". "Não vou prejulgá-lo antes de terminar o governo, como o PT fez comigo. Acho,
porém, que o Bolsa-Escola, que
deu origem ao Bolsa-Família, é
um avanço em termos de política
social. Se não houver correções,
há risco de um retrocesso numa
conquista que não é só de um governo, mas de toda a sociedade."
Quanto ao incômodo de Lula ao
ler artigos seus na imprensa, disse: "Ele se incomoda com pouco".
No jantar na segunda, Lula fez
mais críticas do que elogios ao antecessor. Sobre o comentário de
que sua gestão foi boa nos dois
primeiros anos e, depois, só se
concentrou na reeleição, FHC
afirmou: "Pena que ele não tenha
feito os elogios naquela época. Vivi crises seguidas no governo e tomei medidas para combatê-las".
O tucano disse ter deixado o
país em estágio melhor do que encontrou e que permitiria avanços.
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