São Paulo, quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ELEIÇÕES 2008 / BELO HORIZONTE

Lacerda e Quintão trocam acusações de inexperiência

Em debate promovido pela Folha, candidato do PSB tenta associar juventude a despreparo

THIAGO GUIMARÃES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

O debate promovido ontem pela Folha entre os candidatos à Prefeitura de Belo Horizonte foi marcado por trocas de acusações de inexperiência entre Leonardo Quintão (PMDB) e Marcio Lacerda (PSB).
Lacerda, 62, candidato apoiado pelo governador Aécio Neves (PSDB) e pelo prefeito Fernando Pimentel (PT), procurou associar a juventude de Quintão, 33, ao despreparo. Pontuava sua fala, por exemplo, com menções à faculdade "perto da Disney" cursada pelo peemedebista e à Lei da Anistia, de 1979, aprovada quatro anos depois de o rival nascer.
O deputado federal Quintão, ex-vereador e ex-deputado estadual, questionou Lacerda -ex-secretário-executivo de Ciro Gomes no Ministério da Integração Nacional- sobre sua experiência administrativa. "Ficou no ministério tanto tempo assim para me desqualificar por falta de experiência?"
Para uma platéia de 200 pessoas no teatro Dom Silvério, que incluía simpatizantes dos dois candidatos, Lacerda reconheceu erros em sua campanha do primeiro turno, em que liderou pesquisas com folga, mas terminou com apenas dois pontos percentuais à frente.
"Não fui devidamente apresentado. Dos 200 minutos dos nossos programas eleitorais, apareço fazendo propostas em 10 ou 12 minutos", disse.
Quintão, líder das pesquisas no segundo turno, disse ver esses levantamentos com "precaução". Questionado sobre o que diria a seus eleitores de pleitos anteriores -se vitorioso, deixará o mandato na metade pela segunda vez-, afirmou ser um "problema de legislação". "Para me candidatar a prefeito sendo deputado, tem que ser no meio do mandato."
O debate refletiu o acirramento da campanha em BH. A mediação interveio seguidas vezes para evitar manifestações do público.

Aécio e Pimentel
O cenário para 2010, com as eventuais candidaturas de Aécio à Presidência e de Pimentel ao governo mineiro, foi tema da discussão. Lacerda disse que "certamente" ambos seriam beneficiados por sua eventual vitória. "Mas não foi o principal motor disso [sua candidatura]."
Quintão, apoiado pelo ministro Hélio Costa (PMDB, Comunicações), potencial candidato ao governo de Minas, defendeu o apoio a Aécio à Presidência, mas pelo PMDB. "Se depender de mim para abrir as portas [do PMDB] para o governador Aécio, eu serei o primeiro."
Lacerda, que tem dito que a vitória de Quintão será o triunfo de "velhas práticas políticas", também criticou o PMDB, que, segundo ele, "sobrevive em função do controle da legenda pelos caciques regionais".
Questionado sobre o apoio do PMDB a Aécio no Estado, no entanto, disse "não fazer reparo" aos deputados do PMDB que integram a base aecista. Quintão disse integrar a ala das "pessoas boas do PMDB".
Criticou "papagaios de pirata" do partido e afirmou ter o apoio dos ministros petistas Patrus Ananias (Desenvolvimento Social) e Luiz Dulci (Secretaria Geral). "Vão votar em mim. [...] Boa parte do PT estará nesse governo de coalizão."

Tiroteio
Além de responder a perguntas dos jornalistas da Folha, da platéia e de internautas, os candidatos trocaram questões. O peemedebista questionou Lacerda sobre a fila de cirurgias na saúde e sobre sua experiência administrativa. O socialista perguntou a Quintão sobre medidas para melhorar o perfil da dívida de BH e se já havia validado no Brasil seu diploma obtido nos EUA.
Na rodada de perguntas do público, Quintão foi questionado sobre o fato de ter empregado parentes durante seu mandato de vereador. Respondeu que demitiu os parentes. O peemedebista, que chegou 23 minutos atrasado, reconheceu nervosismo ao responder à platéia por que puxava sotaque caipira na TV e no debate tinha outro estilo. "Na TV, relaxo.
Aqui fico muito tenso", disse.
Lacerda, que teve negado pela Justiça pedido de reajuste de R$ 5,5 milhões no limite de gasto de campanha, hoje em R$ 14 milhões, foi questionado se usaria caixa dois. Ele negou.
O socialista também respondeu se o PSDB e o "campo de esquerda", na expressão de um internauta, deveriam se aliar para "dirigir os rumos do país".
"O que tenho visto nos comentários do governador e do prefeito é que eles não têm essa pretensão", disse Lacerda.


Assista ao vídeo do debate
www.folha.com.br/082896


LACERDA
Você cometeu erro grave [ao dizer que Lacerda foi preso comum na ditadura]

QUINTÃO
Se era mentira o que estava nos autos oficiais, eu respeito



QUINTÃO
Qual é a experiência que o senhor tem na verdade?

LACERDA
Se fui convidado [para gestão Aécio] é porque confiaram na minha capacidade



LACERDA
O sr. é formado em administração [nos EUA]. O sr. validou seu diploma?

QUINTÃO
É bom que o senhor esteja fazendo pesquisa detalhada sobre minha vida


Texto Anterior: Eleições 2008 / São Paulo: Acusar campanha de preconceito é "absolutamente indigno", diz Marta
Próximo Texto: Vídeo mostra descontração, afirma Quintão
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.