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ELEIÇÕES 2008 / BELO HORIZONTE
Lacerda e Quintão trocam acusações de inexperiência
Em debate promovido pela Folha, candidato do PSB tenta associar juventude a despreparo
THIAGO GUIMARÃES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE
O debate promovido ontem
pela Folha entre os candidatos
à Prefeitura de Belo Horizonte
foi marcado por trocas de acusações de inexperiência entre
Leonardo Quintão (PMDB) e
Marcio Lacerda (PSB).
Lacerda, 62, candidato
apoiado pelo governador Aécio
Neves (PSDB) e pelo prefeito
Fernando Pimentel (PT), procurou associar a juventude de
Quintão, 33, ao despreparo.
Pontuava sua fala, por exemplo, com menções à faculdade
"perto da Disney" cursada pelo
peemedebista e à Lei da Anistia, de 1979, aprovada quatro
anos depois de o rival nascer.
O deputado federal Quintão,
ex-vereador e ex-deputado estadual, questionou Lacerda
-ex-secretário-executivo de
Ciro Gomes no Ministério da
Integração Nacional- sobre
sua experiência administrativa. "Ficou no ministério tanto
tempo assim para me desqualificar por falta de experiência?"
Para uma platéia de 200 pessoas no teatro Dom Silvério,
que incluía simpatizantes dos
dois candidatos, Lacerda reconheceu erros em sua campanha do primeiro turno, em que
liderou pesquisas com folga,
mas terminou com apenas dois
pontos percentuais à frente.
"Não fui devidamente apresentado. Dos 200 minutos dos
nossos programas eleitorais,
apareço fazendo propostas em
10 ou 12 minutos", disse.
Quintão, líder das pesquisas
no segundo turno, disse ver esses levantamentos com "precaução". Questionado sobre o
que diria a seus eleitores de
pleitos anteriores -se vitorioso, deixará o mandato na metade pela segunda vez-, afirmou
ser um "problema de legislação". "Para me candidatar a
prefeito sendo deputado, tem
que ser no meio do mandato."
O debate refletiu o acirramento da campanha em BH. A
mediação interveio seguidas
vezes para evitar manifestações do público.
Aécio e Pimentel
O cenário para 2010, com as
eventuais candidaturas de Aécio à Presidência e de Pimentel
ao governo mineiro, foi tema da
discussão. Lacerda disse que
"certamente" ambos seriam
beneficiados por sua eventual
vitória. "Mas não foi o principal
motor disso [sua candidatura]."
Quintão, apoiado pelo ministro Hélio Costa (PMDB, Comunicações), potencial candidato
ao governo de Minas, defendeu
o apoio a Aécio à Presidência,
mas pelo PMDB. "Se depender
de mim para abrir as portas [do
PMDB] para o governador Aécio, eu serei o primeiro."
Lacerda, que tem dito que a
vitória de Quintão será o triunfo de "velhas práticas políticas",
também criticou o PMDB, que,
segundo ele, "sobrevive em
função do controle da legenda
pelos caciques regionais".
Questionado sobre o apoio
do PMDB a Aécio no Estado, no
entanto, disse "não fazer reparo" aos deputados do PMDB
que integram a base aecista.
Quintão disse integrar a ala
das "pessoas boas do PMDB".
Criticou "papagaios de pirata"
do partido e afirmou ter o apoio
dos ministros petistas Patrus
Ananias (Desenvolvimento Social) e Luiz Dulci (Secretaria
Geral). "Vão votar em mim. [...]
Boa parte do PT estará nesse
governo de coalizão."
Tiroteio
Além de responder a perguntas dos jornalistas da Folha, da
platéia e de internautas, os candidatos trocaram questões.
O peemedebista questionou
Lacerda sobre a fila de cirurgias na saúde e sobre sua experiência administrativa. O socialista perguntou a Quintão sobre medidas para melhorar o
perfil da dívida de BH e se já
havia validado no Brasil seu diploma obtido nos EUA.
Na rodada de perguntas do
público, Quintão foi questionado sobre o fato de ter empregado parentes durante seu mandato de vereador. Respondeu
que demitiu os parentes.
O peemedebista, que chegou
23 minutos atrasado, reconheceu nervosismo ao responder à
platéia por que puxava sotaque
caipira na TV e no debate tinha
outro estilo. "Na TV, relaxo.
Aqui fico muito tenso", disse.
Lacerda, que teve negado pela Justiça pedido de reajuste de
R$ 5,5 milhões no limite de
gasto de campanha, hoje em R$
14 milhões, foi questionado se
usaria caixa dois. Ele negou.
O socialista também respondeu se o PSDB e o "campo de
esquerda", na expressão de um
internauta, deveriam se aliar
para "dirigir os rumos do país".
"O que tenho visto nos comentários do governador e do prefeito é que eles não têm essa
pretensão", disse Lacerda.
Assista ao vídeo do debate
www.folha.com.br/082896
LACERDA
Você cometeu erro grave [ao
dizer que Lacerda
foi preso comum
na ditadura]
QUINTÃO
Se era
mentira o que
estava nos autos oficiais, eu respeito
QUINTÃO
Qual é a
experiência que o senhor tem na verdade?
LACERDA
Se fui convidado [para gestão Aécio] é porque confiaram na
minha capacidade
LACERDA
O sr. é formado em administração [nos
EUA]. O sr. validou seu diploma?
QUINTÃO
É bom que
o senhor esteja
fazendo pesquisa
detalhada sobre
minha vida
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