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Cúpula condena processo contra Pinochet na Espanha
da enviada especial a Havana
Governantes de 19 países latino-americanos, de Portugal e da Espanha vão condenar hoje, de forma indireta, o processo do general Augusto Pinochet por crimes
contra a humanidade comandado pelo juiz espanhol Baltasar
Garzon.
A prisão de Pinochet e seu pedido de extradição para a Espanha
foram objeto de protesto formal
na 9ª Cúpula Ibero-Americana e
se tornou um dos principais temas paralelos à discussão da nova
ordem financeira internacional.
Os presidentes Eduardo Frei
(Chile) e Carlos Menem (Argentina) faltaram ao encontro, numa
manifestação de protesto contra o
julgamento do general. Pinochet
governou o Chile de 1973 a 1988.
O embaixador Luiz Augusto
Castro Neves, que representa o
chanceler Luiz Felipe Lampreia
no encontro, disse que o documento final da cúpula renovará o
protesto do grupo de países contra a aplicação de leis nacionais
fora de seus territórios de origem.
Esse princípio vem sustentando
nos últimos anos a condenação à
lei norte-americana Helms-Burton, que pune investidores que
mantenham negócios com Cuba
e agrava o boicote comercial à
ilha. E, segundo Castro Neves, vale também para o processo contra
Pinochet, aberto pela Justiça espanhola.
Pinochet está preso desde outubro passado na Inglaterra. Nesse
período, o governo brasileiro optou por não se manifestar oficialmente sobre o caso.
Castro Neves, que é secretário-geral-adjunto do Ministério das
Relações Exteriores e participou
da negociação da "Declaração de
Havana", disse que "não foi difícil" chegar a um acordo sobre o
texto do documento.
Tampouco houve oposição do
governo cubano às críticas (igualmente indiretas) ao regime comandado por Fidel Castro contidas no documento final da 9ª Cúpula Ibero-Americana, contou.
A versão do texto que será submetida hoje aos chefes de Estado e
de governo reunidos em Havana
reafirma o compromisso do grupo de fortalecer as instituições democráticas e defende o pluralismo político e o respeito aos direitos humanos.
No pronunciamento que fará
aos colegas, o presidente Fernando Henrique Cardoso dará destaque a esse assunto. FHC dirá que
o exercício de liberdade de expressão "é a melhor forma de
conferir a indispensável legitimidade aos governantes", informou
o embaixador.
Igreja
O respeito aos direitos humanos
em Cuba também foi tema do encontro de FHC com o cardeal-arcebispo de Havana, Jaime Ortega,
autor de críticas às restrições impostas pelo governo cubano às liberdades individuais.
Considerado como um potencial candidato à sucessão do papa
João Paulo 2º, Ortega afirmou que
a Igreja Católica não deve desempenhar o papel de uma alternativa
política ao partido único comandado por Fidel Castro.
"Cuba poderia ter mais de um
partido, mas esse outro não pode
ser a igreja, ela tem de ser uma alternativa existencial, e não política, pois isso a desvirtuaria", disse.
No pronunciamento que fará
hoje na 9ª Cúpula Ibero-Americana, o presidente Fernando Henrique Cardoso dirá também que a
abertura econômica corre risco
de um retrocesso se o processo de
globalização continuar agravando as diferenças entre países pobres e ricos.
Segundo o embaixador Castro
Neves, o presidente deixará clara
sua insatisfação com os resultados da liberalização comercial e
rejeitará o protecionismo (fechamento de mercados ao exterior).
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