São Paulo, Terça-feira, 16 de Novembro de 1999
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Cúpula da polícia do Rio vive nova crise

RONALDO SOARES
da Sucursal do Rio

A cúpula da Secretaria de Segurança Pública do Rio vive uma nova crise interna, a segunda em pouco mais de uma semana.
A crise foi deflagrada na última sexta-feira, quando o secretário de Segurança Pública, Josias Quintal, pediu que oito de seus auxiliares diretos (três subsecretários e cinco assessores) colocassem o cargo à disposição.
Com isso, estão demissionários os subsecretários de Planejamento Operacional, Marcos Reimão, de Assuntos Especiais, Carlos Alberto Nunes Pinto, e Administrativo, o coronel da PM Edmar Ferreira.
Em seu pedido, Quintal se reserva o direito de não revelar os motivos de sua medida, mas a Folha apurou que Reimão teria sido o pivô da crise.

Extorsões
Um dos integrantes de sua equipe, o detetive José Luís Magalhães, foi acusado de fazer parte de um grupo de policiais que teriam praticado "mineiras" (extorsões) contra o traficante de drogas Luís Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar.
O caso, que vem sendo apurado pela CPI do Narcotráfico, provocou constrangimento na cúpula da Segurança Pública, e Quintal, para não expor demais Reimão, teria pedido a todos os auxiliares que entregassem o cargo.
Conforme a Folha apurou, a tendência é que Quintal substitua os demissionários ainda esta semana. O secretário não foi localizado ontem pela Folha para comentar o episódio. Sua assessoria também não foi localizada até as 19h.
Quintal estará hoje em Brasília para participar de um encontro nacional de secretários de segurança, que será comandado pelo ministro da Justiça, José Carlos Dias.

Dossiê
Esta é a segunda crise ocorrida na secretaria fluminense desde que a CPI do Narcotráfico estendeu seus trabalhos ao Estado do Rio de Janeiro.
A primeira foi no dia 4, quando o governador Anthony Garotinho entregou aos deputados da CPI um dossiê contendo o nome de pessoas (inclusive policiais) supostamente envolvidas com o tráfico de drogas no Rio.
Um dos nomes citados no dossiê foi o do delegado Cláudio Góis, que segundo Garotinho teria participado de uma operação em que agentes da polícia receberam dinheiro para não prender o traficante de drogas Fernandinho Beira-Mar.
Minutos depois de tornar pública a acusação contra Góis, o governador Anthony Garotinho voltou atrás, alegando que os verdadeiros culpados eram policiais da equipe do delegado. Mas o afastamento de Góis da Superintendência de Polícia Especializada foi mantido.
Todos os demissionários da nova crise na secretaria haviam tido participação na cúpula da Segurança Pública durante o governo Marcello Alencar.
O delegado Carlos Eduardo Nunes Pinto era um dos assessores do então chefe de Polícia Civil, Hélio Luz. Marcos Reimão foi diretor da DAS (Divisão Anti-Sequestro). E o coronel reformado da PM Edmar Ferreira era um dos assessores do ex-secretário de Segurança Pública Nilton Cerqueira.


Colaborou Chico Santos, da Sucursal do Rio


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