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Oposição inicia busca de adesões para CPI
BERNARDINO FURTADO
da Reportagem Local
A oposição pretende começar
hoje à tarde a recolher assinaturas
de senadores para requerer uma
CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) destinada a investigar o
processo de privatizações no governo Fernando Henrique.
O senador Eduardo Suplicy (PT-SP), líder da bancada do partido e
do bloco de oposição no Senado,
disse ter redigido ontem o esboço
do requerimento, que será submetido hoje à direção nacional do PT.
A base principal do requerimento serão os trechos gravados por
meio de grampo telefônico de conversas do presidente do BNDES
(Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), André
Lara Resende, com Pérsio Arida,
sócio do banco Opportunity, e
com o ministro Luiz Carlos Mendonça de Barros (Comunicações).
Segundo Suplicy, o requerimento vai atribuir à CPI quatro objetos
de investigação:
1) A forma como o BNDES concedeu empréstimos a juros menores dos que os de mercado para
que grupos comprassem estatais
nos leilões de privatização;
2) A ação do Planalto, do Ministério das Comunicações e do Banco do Brasil para que os fundos de
pensão de estatais, como a Previ
(dos funcionários do BB), participassem dos leilões de modo a assegurar determinados resultados;
3) A legalidade das intervenções
do governo retratadas nos diálogos telefônicos de Lara Resende
com Mendonça de Barros e Arida;
4) O processo de concentração
de poder, patrimônio e renda nas
mãos dos beneficiários do processo de privatização, ou seja, os compradores das antigas estatais.
Suplicy disse que antes de começar a recolher assinaturas dos colegas de Senado, vai discutir o texto
do requerimento com senadores
de outros partidos, como o PMDB.
A idéia, segundo ele, é conseguir
previamente o mais amplo apoio
possível para o requerimento, já
que a Constituição exige a adesão
de um terço dos senadores.
"Processo incontrolável"
A divulgação do conteúdo das fitas com as conversas grampeadas
foi recebida pela oposição como o
início de "um processo incontrolável de revelações de fatos".
Os líderes dos partidos têm um
encontro marcado para hoje, mas
ontem, em conversas telefônicas,
definiram duas linhas de atuação:
investigar o processo de privatização, chegando até a uma CPI, e requerer ao Ministério Público a
abertura de um inquérito civil público contra o ministro das Comunicações por ter admitido que para
"estimular a competitividade", na
privatização da Vale do Rio Doce,
incentivou a formação de um segundo consórcio.
"Essa coisa de organizar um consórcio mostra que o ministro agiu
como se estivesse vendendo um
apartamento seu", afirmou o deputado Miro Teixeira (PDT-RJ).
Para o deputado José Genoino
(PT-SP), as gravações "colocam
em xeque" a privatização da Telebrás. "Na verdade, agora sabemos,
todo o modelo de privatização é
uma grande negociata", afirmou.
Colaborou a Sucursal de Brasília
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