São Paulo, sábado, 17 de janeiro de 2004

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4º FÓRUM SOCIAL MUNDIAL

Olívio distribui a líderes de ONGs e intelectuais balanço de um ano de gestão Lula e defende atuação na área de meio ambiente

Governo se antecipa a crítica e presta contas

GABRIELA ATHIAS
ENVIADA ESPECIAL A MUMBAI

A primeira missão do ministro Olívio Dutra (Cidades) como representante do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no 4º Fórum Social Mundial foi entregar a lideranças de organizações não-governamentais e intelectuais de esquerda um relatório, escrito em inglês e espanhol, contendo a prestação de contas do primeiro ano do governo Lula.
O fórum começou ontem em Mumbai (a cidade deixou de chamar Bombaim em 1996), na Índia, e termina no dia 21. Participam do evento 78 mil pessoas de 132 países. Na última edição do evento, em Porto Alegre, participaram cerca de 50 mil pessoas.
O relatório que o governo brasileiro entregou é praticamente igual ao que foi distribuído pelo Palácio do Planalto a jornalistas, em dezembro, para marcar o primeiro ano da gestão de Lula. Com 55 páginas, tem formato de revista e leva o título da edição brasileira: "A mudança já começou".
A distribuição do relatório antecedeu as críticas que a delegação brasileira teme receber, principalmente na área ambiental.
O governo é criticado por ecologistas por ter liberado o plantio de soja transgênica neste ano e pelo projeto de biossegurança, que não impede definitivamente produção e consumo de produtos geneticamente modificados.
A delegação do Brasil tem 250 pessoas, a maioria de ONGs. Dois ministros participam: Dutra e Gilberto Gil (Cultura).
"Ainda que seja preciso fazer mais, temos avançado muito na questão ecológica", afirmou Dutra. Ele disse ainda que o governo não pode mudar a gestão de um setor de "forma abrupta e milagrosa". Segundo ele, o fato de Marina Silva, uma ecologista respeitada, ser a ministra do Meio Ambiente ilustra a prioridade da gestão Lula para o setor. "Ela [Marina] não é um enfeite."
O trecho do relatório sobre meio ambiente não cita a política de biossegurança. O assunto ocupa duas páginas da revista, mas a maior parte é ocupada por uma fotografia da floresta amazônica. O texto fala das políticas de proteção ambiental do governo. Biossegurança aparece no final do capítulo sobre ciência e tecnologia, e o texto destaca o grupo interministerial que trata do tema.
O relatório mostra ainda que a crise econômica, marca do início de 2003, foi controlada e que os indicadores são positivos. O reaquecimento da economia, diz o texto, é "o início de uma fase de crescimento e de uma melhor distribuição de renda". A relação entre as duas coisas não é detalhada.
Programas sociais, como o Bolsa-Família e o Fome Zero, e a política externa tiveram destaque.
Para Dutra, o que o governo Lula tem de melhor para mostrar no fórum é o estímulo à participação: "Iniciamos um processo de diálogo com a sociedade e com ONGs, o que nunca foi uma tradição no governo brasileiro".
Lula e seu partido, o PT, sempre tiveram relação próxima com a sociedade civil organizada e com os intelectuais alinhados à esquerda, o principal público do fórum.


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