São Paulo, terça-feira, 17 de fevereiro de 2004

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SOMBRA NO PLANALTO

Busca ocorreu no apartamento do ex-assessor, em Brasília; polícia pediu quebra de sigilo bancário

PF apreende documentos e disquetes de Waldomiro

IURI DANTAS
ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A Polícia Federal apreendeu ontem computadores, disquetes, extratos bancários, contas de telefone e arquivos com documentos relativos ao governo federal na residência do ex-subchefe de Assuntos Parlamentares da Casa Civil Waldomiro Diniz, em Brasília. Também houve buscas e apreensões em Goiânia, Anápolis (GO), Rio de Janeiro e São Paulo.
A Justiça Federal do Rio recebeu ontem o pedido de quebra de sigilo bancário, fiscal e telefônico de Waldomiro, feito pelo delegado Antonio Augusto Cesar Nunes. O ex-subchefe foi demitido depois da divulgação de vídeo em que negocia com o empresário do setor de bingos Carlos Augusto Ramos comissão e contribuição para campanhas eleitorais em 2002.
As buscas foram pedidas pelo Ministério Público Federal do Rio à 16ª Vara Federal do Estado no sábado. Também foram alvos da ação dos policiais a residência de Messias Antonio Ribeiro Neto e o escritório de Alejandro Ortiz.
Messias Neto contou ao Ministério Público Federal na semana passada que atuava como sócio de Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. Ortiz comercializaria máquinas de jogo, conforme investigações da Polícia Federal.
Segundo os depoimentos colhidos pelo Ministério Público, Cachoeira queria parte do mercado de fornecimento de máquinas de jogo controlado por Ortiz. Os envolvidos negam as acusações.
Ministério da Justiça e a cúpula da PF não descartam o envolvimento de membros do Ministério Público Federal e da própria PF na divulgação da fita, gravada em 2002 no escritório de Cachoeira.

Investigação
O material apreendido ontem ficará sob custódia de Nunes no Rio. Nessa primeira etapa da investigação, o delegado vai ouvir Waldomiro e Cachoeira. Outro foco da apuração é rastrear o caminho de um vídeo gravado no aeroporto de Brasília em 2002.
Nas imagens, Cachoeira e Waldomiro se encontram no aeroporto e têm uma conversa. As câmeras mostram Waldomiro recebendo uma maleta antes de entrar na sala de embarque. Segundo a Folha apurou, é praxe que uma equipe da PF acompanhe o monitoramento feito pela Infraero (Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária). Caso seja flagrado algum suspeito, a PF requisita as imagens por ofício.
A Infraero não se pronuncia oficialmente sobre o episódio, deixando uma dúvida sobre as fitas: por quanto tempo elas são guardadas. A PF julga primordial responder a essa pergunta, porque definirá se o eventual ofício foi escrito já no governo Lula.
Ontem, Waldomiro Diniz continuou evitando contatos com a imprensa. Ele não foi mais visto pelos funcionários do prédio onde mora, em Brasília, desde a manhã de quinta-feira.
A reportagem tentou falar com Waldomiro pelo telefone celular, mas a ligação foi direcionada para a caixa postal, que estava lotada.


Colaborou LUIS RENATO STRAUSS, da Sucursal de Brasília


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