São Paulo, terça-feira, 17 de fevereiro de 2004

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PT ameaça investigar gestão FHC

ELIANE CANTANHÊDE
DIRETORA DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A cúpula do PT mandou um recado em tom de declaração de guerra ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso no último fim de semana: "Acabou a transição".
Mas membros de peso do próprio governo acham arriscada essa estratégia porque ela tende a unir o PSDB, dificultando o trabalho do Planalto para angariar apoios tucanos contra uma CPI do caso Waldomiro Diniz.
Petistas identificam o governo de FHC como autor de uma das gravações que comprometem Waldomiro, que era um dos principais assessores de José Dirceu. E o recado a FHC significa que vai ter troco, ou troca de acusações.
O recado teria sido passado ao presidente do PSDB, José Serra, por meio de parlamentares governistas. O jogo duro do PT dificultou, por exemplo, a atuação do senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) contra a CPI. A bancada do PSDB no Senado recomendou a assinatura da CPI contra a opinião de Tasso e de Siqueira Campos (TO). Tasso se manifestou contra a CPI. "É só uma primeira faísca, não dá para atiçar fogo", declarou: "É cedo para se falar de CPI".
Mas os ataques de dirigentes petistas ao PSDB, entre eles o presidente do partido, José Genoino, levaram os tucanos do Senado a tomar posição pró-CPI. Outros dois caciques tucanos, os governadores Geraldo Alckmin (SP) e Aécio Neves (MG), receberam pressão para mudar a opinião contra a CPI. O argumento é que, se o PT revidar, todo o partido sofrerá e não apenas os tucanos acusados diretamente pelos petistas.
FHC, que acaba de voltar de viagem aos EUA, almoçou com Serra anteontem. Acusado publicamente por Genoino de estar por trás tanto da produção quanto da divulgação das fitas contra Diniz, Serra já negou veementemente.
A interlocutores, tanto ele quanto FHC têm dito que não sabiam da história e não tinham conhecimento das fitas. Eles acusam o governo e o PT de armar uma "manobra diversionista" -de estarem buscando "bodes expiatórios" para desviar a mídia da questão principal: a existência de um assessor corrupto no Planalto.
O recado petista para FHC dizia explicitamente que o governo Lula tem apenas um ano e um mês, mas que o de FHC teve oito anos. Ou seja: se é para descobrir "podres", é muito mais fácil descobrir no governo passado do que neste.
Em jantar com jornalistas, na quarta-feira passada, Lula já tinha deixado claro que munição petista contra os tucanos não falta, mas ressalvou que uma guerra desse tipo não seria boa "para o país": "Ele [FHC] tem de ser grato por eu não falar mal dele. E ele não deve falar mal de mim, porque é melhor para o Brasil", disse Lula.


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