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Partido arrecada R$ 20 mi ao ano com "dízimo"
DA REPORTAGEM LOCAL
Prática que se tornou uma marca registrada do PT, a cobrança de
um percentual do salário dos detentores de mandato e seus assessores responde por um terço do
orçamento petista.
O "dízimo" petista -como a ele
se referem alguns dos integrantes
do partido- rendeu cerca de R$
20 milhões em 2001. O orçamento
total no ano passado foi de pouco
mais de R$ 60 milhões.
A cobrança é prevista em estatuto e torna o PT uma exceção entre os grandes partidos. "Pouca
gente se elege sozinha no PT. São
ajudadas pela força da legenda.
Por isso, nada mais justo do que
darem a contribuição", diz Delúbio Soares de Castro, secretário
nacional de Finanças do PT.
A cobrança está longe de ser
uma unanimidade no partido.
Nos bastidores, muitos reclamam. Mas pagam, ante a ameaça
de punição por desrespeitar a
norma estatutária.
Um dos poucos que já veio a público para protestar foi a prefeita
de São Paulo, Marta Suplicy. Recentemente, a direção partidária
fez algumas concessões. Aceitou
reduzir o percentual máximo de
desconto de 30% do salário líquido para 20%.
Adversários acusam o partido
de financiar-se com dinheiro público. Delúbio rebate: "O percentual existe a partir de uma norma
interna do PT e incide sobre os
vencimentos dos filiados".
Há no PT cerca de 10 mil filiados
que pagam o "dízimo". Incluem,
além dos detentores de todos os
cargos eletivos, também secretários e assessores de governos, prefeituras e parlamentares.
Mas a principal fatia do bolo petista é composta pelas contribuições dos cerca de 850 mil filiados
sem mandato. Com três faixas de
contribuição, variáveis conforme
a renda mensal, dão ao partido
cerca de R$ 27 milhões por ano.
Outros R$ 13 milhões são provenientes do fundo partidário, rateado pela Justiça Eleitoral junto
às legendas.
Segundo Delúbio, a despesa da
sigla é próxima à receita, ou seja,
algo em torno de R$ 60 milhões.
Cerca de 30% são gastos com a folha de pagamento, que tem cerca
de 180 funcionários no Brasil. O
resto vai para custeio e atividades
políticas. Mesmo com o "ajuste
fiscal", o PT acumula uma dívida
de cerca de R$ 2,5 milhões, principalmente com fornecedores.
Os funcionários do partido recebem até um teto de R$ 3.200
-incluindo alguns integrantes
da Executiva Nacional sem mandato. Já o presidenciável Luiz Inácio Lula da Silva recebe como funcionário contratado do PT. Seu
salário é de cerca de R$ 6.500 brutos mensais.
(FZ)
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