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Em ano eleitoral, CPIs se arrastam sem resultados
Senadores da oposição já ameaçam deixar investigações sobre cartões e ONGs
Petistas decidiram blindar
Lula, e tucanos temem que
apurações possam trazer à
tona gastos do governo de
Fernando Henrique Cardoso
GABRIELA GUERREIRO
DA FOLHA ONLINE, EM BRASÍLIA
ADRIANO CEOLIN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Criadas com o objetivo de investigar escândalos do governo
federal, as CPIs das ONGs e dos
Cartões Corporativos se arrastam sem resultados e a oposição já ameça abandoná-las.
Em ano eleitoral, os governistas optaram por blindar autoridades ligadas ao presidente
Luiz Inácio Lula da Silva nas
apurações, enquanto a oposição tenta evitar que denúncias
contra a gestão tucana de Fernando Henrique Cardoso
(1995-2002) sejam ventiladas.
Mesmo sem admitir oficialmente a paralisia nos trabalhos, a oposição ajudou a aprovar na CPI mista (com deputados e senadores) dos Cartões
Corporativos cronograma de
trabalhos do relator Luiz Sérgio
(PT-RJ) que posterga as investigações da comissão.
Na primeira etapa, que começa nesta semana, a comissão
pretende apenas reunir informações sobre o uso dos cartões
corporativos no governo. Os
ministros Jorge Hage (Controladoria Geral da União), Paulo
Bernardo (Planejamento) e o
ex-ministro do Orçamento
Paulo Paiva, da gestão FHC, serão ouvidos esta semana.
"O cronograma foi preparado
com essa estratégia de protelar
as investigações. Esses primeiros depoimentos de ministros
da CGU [Controladoria Geral
da União] e do TCU [Tribunal
de Contas da União] não vão levar a nada", disse o senador Álvaro Dias (PSDB-PR).
O líder do PSDB, Arthur Virgílio (AM), avaliou que ainda é
cedo para afirmar se há uma
falta de empenho nas investigações na CPI dos Cartões. "Dá
para desconfiar, mas não podemos afirmar seguramente. A
comissão acaba de iniciar seus
trabalhos", disse. "Mas, de nossa parte, queremos descobrir
quem são todos os cretinos que
fizeram gastos irregulares, seja
de FHC ou de Lula."
Na CPI das ONGs, o esvaziamento é ainda maior. Instalada
desde outubro, a comissão não
aprovou nenhum requerimento de quebra de sigilo bancário
ou telefônico.
Espécie de líder governista
na comissão, o senador Sibá
Machado (PT-AC) disse ontem
que "não vê motivos" para quebrar sigilos de nenhuma entidade. "Não dá para quebrar sigilo só por querer. Tem de fundamentar", disse.
Integrante da CPI dos Cartões, o senador Demóstenes
Torres (DEM-GO) acha que a
oposição está desarticulada.
"Nós sempre formos minoria,
mas desta vez tem faltado combatividade. Há um certo receio,
sobretudo do PSDB, de investigar a fundo a gestão FHC para
que não sejam feitas comparações com o governo atual."
Senadores da oposição já
ameaçam abandonar as CPIs
caso não consigam aprovar requerimentos de quebras de sigilo nas duas CPIs. "Não há
porque se continuar legitimando uma farsa", afirmou Dias.
Demóstenes defende que a
possível saída da CPI seja uma
decisão partidária.
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