São Paulo, segunda-feira, 17 de março de 2008

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Senado quer vender a folha em pregão

Maior parte do dinheiro arrecadado seria aplicada na construção de um anexo; obra não é consenso

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Senado estuda abrir um pregão eletrônico para vender a folha de pagamento de seus servidores. O objetivo é estimular a participação de bancos privados no negócio para arrecadar, no mínimo, R$ 300 milhões. Grande parte do dinheiro deverá ser utilizada na construção de um prédio anexo.
Inicialmente, a idéia era vender a folha dos servidores para Caixa Econômica e o Banco do Brasil, numa operação similar à que foi feita pela Câmara dos Deputados, em que foram arrecadados R$ 202 milhões. Contudo, o valor oferecido pelo BB ficou abaixo das expectativas.
"Em princípio, a diretoria do BB disse que o perfil da folha do Senado era parecido com o da Câmara. Eles ficaram de apresentar uma proposta praticamente idêntica, mas não foi o que aconteceu. Ficou em R$ 140 milhões", disse o diretor-geral do Senado, Agaciel Maia.
"A Mesa, então, deliberou que precisa aumentar o ganho [no negócio] por meio de licitação. A idéia é fazer um pregão com a participação de bancos privados", contou o senador Álvaro Dias (PSDB-PR), segundo-vice presidente do Senado.
Segundo Agaciel, os senadores ficaram de esperar uma nova proposta do BB para "bater o martelo". "Ainda não há uma decisão política".
Um dos entraves para o negócio é o destino do dinheiro arrecadado com a venda da folha de servidores. Na última reunião da Mesa, realizada em 27 de fevereiro, o primeiro-secretário, senador Efraim Morais (DEM-PB), defendeu que parte do dinheiro fosse utilizada para a construção do Anexo do Senado, proposta que não agrada alguns senadores.
"O Efraim recebeu uma proposta [sobre a venda da folha], mas não sei se é boa. Ele comentou a possibilidade de fazermos a obra, mas o assunto acabou não sendo discutido", disse o presidente do Senado, Garibaldi Alves (PMDB-RN).
Ontem a Folha tentou falar com Efraim, mas ele não respondeu aos recados na caixa postal de seu telefone celular.
Segundo Agaciel, seriam gastos cerca de R$ 143 milhões na construção do anexo, que contaria com 12 andares e garagem para 3 mil automóveis.
"A Câmara pegou o dinheiro [da venda da folha] para reformar os apartamentos e fazer o anexo. O Senado é o único que não fez seu anexo desde 1960", disse Agaciel.
No fim do ano passado, o senador Tião Viana (PT-AC), então na presidência interina da Casa, retirou da proposta orçamentária de 2008 uma emenda de R$ 22 milhões para o início das obras. Na época, ele atendeu a um pedido do senador Pedro Simon (PMDB-RS).
(ADRIANO CEOLIN)


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