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CRISE NO GOVERNO/ O PRESIDENTE
Plano é usar agenda da CPI dos Bingos para "manchar" imagem do petista; estratégia passa por quebrar sigilo bancário de Paulo Okamotto
Para oposição, Lula agora é o alvo principal
SILVIO NAVARRO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Os líderes da oposição no Congresso planejam usar a agenda
carregada da semana e os holofotes da CPI dos Bingos, a última
ainda em curso, para tentar uma
investida final contra a imagem
do presidente Luiz Inácio Lula da
Silva, que, segundo avaliam, segue descolada da série de escândalos que atingiram o governo.
Com o fim da CPI dos Correios,
a idéia é trabalhar, já com viés de
campanha, para associar a imagem do presidente às denúncias
que pontuaram a crise política.
"Esse governo não tem mais
agenda, só agenda de candidato.
Temos que intensificar a ligação
do nome dele aos fatos do governo, colar os fatos ao Lula", disse
Jutahy Júnior (BA), líder do PSDB
na Câmara dos Deputados.
"O discurso é que o Lula é o chefe da quadrilha. Agora é passar
para a população mais pobre,
porque a classe média já o abandonou", afirmou o deputado José
Carlos Aleluia (PFL-BA), líder da
oposição na Câmara.
Para atingir o objetivo, a oposição buscará munição na CPI dos
Bingos. A principal meta é conseguir aprovar a quebra do sigilo
bancário do presidente do Sebrae,
Paulo Okamotto, amigo de Lula.
Ex-tesoureiro de campanha do
PT, Okamotto não abriu seu sigilo
e, em depoimento à CPI, esquivou-se de falar do pagamento que
diz ter feito de dívida de R$ 29,4
mil de Lula com o PT em 2004.
"A CPI dos Bingos tem todos os
elementos para pegar o presidente. Tem o Roberto Teixeira, o
Okamotto. Certamente eles vão
levar ao presidente. Tem que
mostrar que ele é o responsável
[pelos esquemas de corrupção]",
afirmou o senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA).
Segundo o senador Álvaro Dias
(PSDB-PR), a oposição tentará a
quebra do sigilo de Okamotto pela terceira vez. "O Okamotto é essencial, ele está blindado pelo poder. Ninguém conseguiria resistir
tanto. O sigilo é uma blindagem
ao presidente", disse.
Além da ofensiva pelos extratos
bancários de Okamotto, a oposição pressionará o advogado Roberto Teixeira, compadre do presidente Lula, cujo depoimento está marcado para amanhã.
Teixeira é investigado pela CPI
após denúncias do economista
Paulo de Tarso Venceslau, ex-militante petista. Venceslau acusou
Teixeira de ser ligado à empresa
Cepem, segundo ele usada pelo
PT para caixa dois nos anos 90.
Thomaz Bastos
Enquanto a oposição busca
meios para desgastar o governo
por mais tempo, o PT aposta no
bom desempenho do ministro
Márcio Thomaz Bastos (Justiça)
para esvaziar a crise.
A própria oposição se divide
quando o assunto é o depoimento
do ministro, que deve ser na quinta-feira. "Acho que ele não vai ser
poupado, mas estão exagerando
um pouco, à medida que a Polícia
Federal, subordinada a ele, está
investigando tudo", disse ACM.
Para evitar que o caso da violação do sigilo do caseiro Francenildo Costa, que testemunhou contra o ex-ministro Antonio Palocci,
perca força, PFL e PSDB tentarão
ainda votar a convocação do ex-presidente da Caixa Econômica
Federal Jorge Mattoso.
De acordo com o relator da CPI
dos Bingos, senador Garibaldi Alves (PMDB-RN), o episódio da
quebra do sigilo deve ser usado
em seu parecer final como exemplo da "continuidade" das ações
da chamada "turma de Ribeirão
Preto" em Brasília.
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