|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
SISTEMA FINANCEIRO
Primeira ajuda ao Marka e FonteCindam teve aval genérico
BC só aprovou e registrou
socorro cinco dias depois
VANESSA ADACHI
enviada especial a Brasília
As três operações de socorro
aos bancos Marka e FonteCindam, realizadas
nos dias 14 e 19
janeiro, só tiveram a aprovação
formal e registrada da diretoria do
Banco Central no dia 20 de janeiro.
Um documento confidencial do
BC incluído no relatório entregue à
CPI dos Bancos mostra que o voto
que aprovou as operações só saiu
no dia 20, depois que as vendas de
dólares já haviam ocorrido.
No dia 14, data do primeiro socorro, a diretoria só aprovou uma
autorização genérica sobre o assunto, que permitia ao BC vender
dólares futuros a "instituições que
evidenciam tais dificuldades".
Esse é apenas um dos problemas
com datas e registros das três operações de salvamento encontrados
nos documentos do relatório do
BC entregue à CPI.
Um outro problema encontrado
levanta dúvidas sobre a justificativa do BC de que teria concordado
com a ajuda aos bancos porque estaria defendendo a manutenção do
teto da banda cambial, de R$ 1,32.
Só foi enviada à BM&F no dia 15
a carta da chefe do Departamento
de Operações das Reservas Internacionais, Maria do Socorro Carvalho, que pede à Bolsa o registro
das operações do dia 14.
Ou seja, o registro das duas operações foi pedido justamente no
dia em que o BC deixou de defender o câmbio e sinalizou o abandono do sistema de bandas. A diretora justifica o atraso atribuindo-o a
uma "falha operacional".
"A operação estava feita, não dava para desfazer. Isso seria molecagem", alega o diretor de fiscalização do BC, Luiz Carlos Alvarez.
A segunda operação de salvamento do Marka também teve registro com data retroativa. Maria
do Socorro enviou outra carta à
BM&F, sem data, com o seguinte
texto: "Confirmando a operação
realizada em 19 de janeiro e informada telefonicamente, solicito
suas providências no sentido de
registrar a venda (...) para fundos
do Banco Marka S.A."
Embora sem data, a carta deixa
claro que a operação em questão já
havia ocorrido em dia anterior.
Não é procedimento normal da
BM&F registrar operações com
atraso de um dia ou mais. Procurada pela Folha, a Bolsa não quis comentar os motivos da quebra do
procedimento.
Além disso, um documento interno do BC, de 18 de janeiro, véspera da segunda ajuda ao Marka,
trata a operação como consumada.
É possível que o BC desse esse
tratamento a uma operação que ele
sabia que aconteceria no dia seguinte.
Entretanto, um trecho do relatório afirma que "em 19/01/99 compareceram novamente ao BC os
administradores do Banco Marka
consignando que...os fundos por
ele administrados estariam próximos de ficar com passivo a descoberto, acarretando a sua inadimplência junto à BM&F".
Colaboraram
Alex Ribeiro e Vivaldo de Souza,
da Sucursal de Brasília
Texto Anterior: Painel Próximo Texto: FonteCindam tinha como assimilar os prejuízos Índice
|