São Paulo, Sábado, 17 de Abril de 1999
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SISTEMA FINANCEIRO
Diretor de Fiscalização confirma critério usado pela Folha, que aponta prejuízo de R$ 1,567 bilhão
Gasto do BC varia com cálculo, diz Alvarez

da Sucursal de Brasília


O diretor de Fiscalização do Banco Central, Luiz Carlos Alvarez, disse que o gasto do BC com o socorro aos bancos Marka e o FonteCindam pode ser calculado por vários critérios, inclusive o que leva a um prejuízo de R$ 1,567 bilhão.
"E possível especular o valor de várias maneiras, e cada cálculo será feito de acordo com um critério. O fundamental é explicitar o critério", disse Alvarez.
O diretor de Fiscalização do BC não quis confirmar o resultado do cálculo apresentado pela Folha na edição de ontem, que chega a um prejuízo de R$ 1,567 bilhão.
"Não vou dizer que o número está certo nem errado. Se eu disser que está certo, vocês (os jornalistas) vão colocar o número na minha boca", afirmou.
Mesmo sem avalizar o número, Alvarez confirmou os passos do cálculo feito pela Folha. "É assim mesmo", disse, ao ser confrontado com o critério utilizado.
A estimativa de prejuízo de R$ 1,567 bilhão leva em consideração o valor do socorro e a variação da cotação do dólar até o fim de janeiro (veja quadro ao lado).
O BC socorreu o Marka vendendo dólar a R$ 1,27, e o FonteCindam, a R$ 1,32. No final de janeiro o dólar valia R$ 1,98. O prejuízo é a diferença entre as cotações.
"Acredito que o BC tenha carregado as posições até o final do mês, mesmo porque naquele momento não havia ninguém querendo assumi-las", disse Alvarez.
O diretor do BC disse, entretanto, que os critérios de cálculo são muito subjetivos -e que, de acordo com o referencial, é até possível concluir que o BC lucrou com a operação de socorro.
Segundo ele, no dia do socorro, a BM&F (Bolsa de Mercadorias & Futuros) registrou operações com a cotação de R$ 1,25. Nessa hipótese, haveria lucro nas operações.
Outro método seria considerar o preço do dólar à vista em 14 de janeiro, que era R$ 1,32. Nesse caso, teria havido prejuízo na operação do Marka e nem prejuízo nem lucro na do FonteCindam.
Segundo ele, na época do socorro, o FonteCindam afirmou ao BC ter financiamento para comprar dólares no mercado à vista, que poderiam encerrar as posições em aberto no mercado futuro.
Nesse caso, afirmou o diretor do BC, o FonteCindam teria apenas de pagar os juros do financiamento. Alvarez disse que foi vendido dólar no mercado futuro ao FonteCindam porque assim poupou uma perda de aproximadamente US$ 790 milhões nas reservas em moeda estrangeira do BC. Ou seja: o FonteCindam deixou de pagar juros do financiamento, mas o BC preservou as reservas.


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