da Sucursal de Brasília


O diretor de Fiscalização do Banco Central, Luiz Carlos Alvarez, disse ontem que não está convencido de que o envio de US$ 13,120 milhões do Marka ao exterior foi necessário para pagar compromissos do banco com estrangeiros.
"Sabemos que o banco tinha passivos que precisava honrar. Agora, dinheiro não tem cor. Não foi possível conferir o tostão", disse Alvarez, acrescentando que a operação está sendo investigada pelo BC.
Segundo ele, há indícios que podem levar a um possível desvio de dinheiro. "O BC pode até entender que (a remessa) foi errada, mas não existe essa conclusão ainda."
Alvarez afirmou que a operação de socorro ao Marka "foi feita de uma forma muito corrida" e que os detalhes da operação só começaram a ser conhecidos mais a fundo depois que os fiscais do BC passaram a acompanhar a autoliquidação do banco.
"Não dá para saber tudo naquela hora. Nem agora a gente tem certeza absoluta das coisas ainda."
Esta é a primeira vez que o BC admite que suspeita de irregularidades na remessa de dólares feita em janeiro pelo dono do Marka, Salvatore Alberto Cacciola.
Segundo o BC, quando foi socorrido pelo governo , em 14 de janeiro, Cacciola informou que havia feito uma operação com contratos de dólar que salvou dinheiro de seu grupo aplicado em um fundo.
Nessa operação, o Marka vendeu dólar barato para um fundo de capital estrangeiro administrado pela corretora Stock-Máxima. Com isso, o prejuízo desse fundo foi assumido pelo Marka -que depois, por sua vez, repassou parte dos seus prejuízos ao BC. Na prática, o prejuízo foi transferido indiretamente do fundo para o BC.
Cacciola teria dito ao BC que precisava do dinheiro aplicado no fundo para honrar compromissos na Bolsa de Chicago do Marka Bank, seu braço nas Bahamas.
Segundo Alvarez, posteriormente o BC checou com autoridades norte-americanas que realmente havia posições do Marka Bank na Bolsa de Chicago. "Não sei o valor, mas sei que foram liquidadas."
O diretor do BC disse que ainda está averiguando se o Marka Bank tinha dinheiro próprio para honrar tais contratos em Chicago -e se, nesse caso, não precisava do dinheiro do BC na operação, que, segundo Alvarez, protegeu a imagem do país no mercado internacional.


Texto Anterior: Relatório não comprova que era necessário ajudar bancos
Próximo Texto: PF apreende suposto bilhete a Lopes
Índice