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SISTEMA FINANCEIRO
Busca da PF na casa de dono do Marka no RJ encontra texto para o então presidente do Banco Central, afirma procurador
PF apreende suposto bilhete a Lopes
CHICO SANTOS
MÔNICA CIARELLI
da Sucursal do Rio
A cópia de um
suposto bilhete
do presidente
do Banco Marka, Salvatore Alberto Cacciola,
para o então
presidente do
Banco Central, Francisco Lopes,
foi encontrada pela Polícia Federal
e pela Procuradoria da República
na casa do banqueiro no Rio.
No texto, há uma reclamação de
que o então diretor de Fiscalização
do BC, Cláudio Mauch, estava dificultando a liberação de dinheiro
para socorrer o Marka.
A existência do bilhete foi confirmada pelo procurador da República Maurício Manso, um dos que
participaram anteontem da busca
na casa de Cacciola, autorizada pela 6ª Vara Federal do Rio.
Cacciola reclamaria -no bilhete
que não foi mostrado- de que o
Marka iria quebrar se Mauch continuasse se negando a liberar os
dólares a preço mais barato para
que o banco fechasse suas contas
no mercado futuro de câmbio.
Maurício Manso não deu detalhes sobre o bilhete, apenas confirmou sua existência. Horas depois,
o procurador Artur Gueiros, que
chegava de Brasília, disse que ainda não tinha conseguido examinar
a documentação apreendida e que
por isso não poderia confirmar a
existência do bilhete.
Disse também que, mesmo que o
documento exista, ele terá primeiro que ser examinado por peritos
para que se tenha certeza de que
Cacciola é o seu autor. Gueiros é
um dos responsáveis pela investigação do caso Marka na Procuradoria do Rio, mas ele não participou das buscas feitas anteontem.
O BC vendeu dólares ao Marka
no dia 14 de janeiro ao preço de R$
1,275, quando o teto da banda
cambial estava em R$ 1,32. No dia
seguinte, Mauch pediu demissão
em circunstâncias até agora não
totalmente explicadas. Depois ele
voltou atrás.
A Polícia Federal e o Ministério
Público apreenderam ontem quatro caixas de documentos contábeis e financeiros na casa do ex-presidente do Banco Central Francisco Lopes, em Copacabana (zona
sul do Rio).
A operação foi determinada pela
juíza da 6ª Vara Federal do Rio,
Ana Paula Vieira de Carvalho, a
pedido do Ministério Público.
Os agentes da PF foram recebidos pela mulher de Lopes, Ciça, e
seus dois filhos. O ex-presidente
do BC passou o dia depondo na
Comissão de Sindicância do Banco
Central em Brasília, onde ficou
cinco horas e negou que tenha havido vazamento de informações
durante a mudança cambial. Saiu
sem falar com os jornalistas.
O ministro Renan Calheiros
(Justiça) proibiu a Polícia Federal
de auxiliar as investigações do Ministério Público Federal do Rio. Ele
e senadores da CPI dos Bancos se
reuniram com o procurador-geral
da República, Geraldo Brindeiro.
No momento da reunião, Calheiros e os senadores não sabiam da
ação na casa de Lopes. Mais tarde,
ao saber do caso, o ministro proibiu novas ações da PF.
A justificativa do ministro é que
as provas colhidas podem ser anuladas. Segundo ele, o Supremo Tribunal Federal considera que o Ministério Público não pode assumir
as investigações policiais.
O depoimento de Lopes à CPI
dos Bancos foi marcado para as
16h da segunda-feira. O ex-diretor
de Fiscalização Cláudio Mauch vai
depor no dia seguinte, no mesmo
horário.
A cúpula da comissão não quis
marcar depoimentos para o período da manhã para evitar sessões simultâneas com a CPI do Judiciário
-a preferida do presidente do
Congresso, Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA).
Colaborou a Sucursal de Brasília
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