São Paulo, segunda-feira, 17 de junho de 2002

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RUMO ÀS ELEIÇÕES

Tucano diz que uso de jingle sobre Argentina durante convenção do PSDB não é "terrorismo eleitoral"

Serra busca apoio de "rebeldes" do PMDB

Sérgio Lima/Folha Imagem
José Serra conversa com sua vice, Rita Camata, em entrevista


DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O candidato da aliança PSDB-PMDB, José Serra, começou oficialmente a campanha com acenos para atrair os rebeldes peemedebistas, minimizou a chance de a coligação ser derrubada judicialmente e chamou a oposição de "messiânica" por fazer promessas que seriam irrealistas, como "loteamentos na lua".
Um dia depois dos socos e pontapés na convenção do PMDB entre governistas e oposicionistas, Serra disse que gostaria de contar com o apoio de todos os peemedebistas e de outros partidos: "Não havendo mais possibilidade de ampliação em escala nacional, vamos continuar ampliando na escala estadual".
Na primeira aparição oficial da chapa Serra-Rita Camata, a vice do tucano disse que continuaria a "buscar a unidade do PMDB".

Tumulto democrático
Chamada de "musa" pelo presidente do Senado, Ramez Tebet (MS), que participou da entrevista, Rita classificou a tumultuada convenção de "rica e democrática". Tebet considerou o encontro "cheio de entusiasmo, apesar de alguns percalços".
A votação da convenção, anteontem, chegou a ser suspensa por quase uma hora devido ao confronto físico entre as claques oposicionista e governista. Um grupo de cerca de 200 manifestantes, contrários à coligação com o PSDB, invadiu o auditório Petrônio Portela, no Senado, por volta das 13h.
Apesar disso, os defensores da aliança venceram fácil -com 66,5% dos votos válidos.
O líder do PMDB na Câmara, Geddel Vieira Lima (BA), foi mais explícito no desejo de atrair os rebeldes: "A grande luta da direção do PMDB, agora, será mostrar o desejo de incorporar a todos, inclusive os que manifestaram posição contrária à aliança".
Brincando com Rita, Serra disse que espera ser "perturbado" por ela, que havia afirmado antes que seria uma vice com participação ativa. "Será uma perturbação sadia, porque, ao longo de sua vida pública, ela só se empenhou pelas boas causas", afirmou.
Pela primeira vez na campanha, a mulher de Serra, Mônica Allende, esteve presente em dois eventos. Ela foi à convenção, anteontem, e à cerimônia, ontem, na qual tucanos e peemedebistas apareceram juntos após a aprovação da coligação. Vestindo um terninho branco, ela substituiu os óculos de armação vermelha por um de lentes escuras. Na saída, Mônica evitou a imprensa.
Contrariado com perguntas dos repórteres, Serra deixou o hotel onde se realizou o evento pela porta de trás, escapando inclusive de uma manifestação de apoio de militantes que disseram estar ali espontaneamente.
Rita, ao contrário, adotou outro estilo. Saiu pela porta da frente do hotel, desceu do carro, abraçou, beijou e pulou juntamente com os militantes. "Rita, Rita", gritavam os manifestantes.

Argentina
Serra negou fazer "terrorismo eleitoral", ao comentar o trecho de seu jingle que associa indiretamente a oposição à eventual "argentinização" do país.
Um trecho da música diz: ""O que eu conquistei/Não vou jogar para cima/Com todo o respeito/ Não vou ser outra Argentina".
Segundo Serra, é "estratégia" da oposição acusá-lo de terrorismo eleitoral. "[A oposição" pinta um quadro catastrófico do Brasil e se apresenta como a redenção social e econômica", disse. (RU e KA)



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