São Paulo, segunda-feira, 17 de junho de 2002

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ALÉM DA CONVENÇÃO

Marido entrega figurino de Rita Camata

PAULO SAMPAIO
ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA

Rita Camata é loira, magra, bonita e caminha com desenvoltura na chegada da convenção do PMDB. Cercada por luzes, câmaras, flashes, microfones, ela ainda ganha palmas extras dos congressistas.
Não dá para resistir à associação com a estrela de cinema em noite de pré-estréia. Camata veste saia de crepe florida preta e branca enviesada abaixo do joelho, blusa de manga comprida de malha preta, bota de couro com bico fino e salto baixo, casaco de couro...
"Ah, sei lá onde comprei essa roupa!", encrespa.
Rita Camata tem resposta para todas as perguntas, enquanto o modelo é a sabatina política. As senhas para despertar o interesse dela são expressões como "mulheres trabalhadoras", "aplicação de recursos", "crianças em idade escolar". Se foge disso, ela não gosta.
"A Rita detesta que a reconheçam pela beleza ou a roupa. Quer que enxerguem a competência. Quando ganhou o apelido de "musa da Constituinte", ficou furiosa, dizia que aprovou 60 emendas e não prestavam atenção nisso", explica o marido da vice de José Serra, senador Gerson Camata.
Sossegado, Camata "desapareceu" na platéia do plenário, para observar de longe o desempenho da mulher.
"Quem tem de aparecer, hoje, é ela", diz. Ele circulou para ver as reações, ouviu vaias e manteve o fair play, dizendo que já levou até ovo em convenção do partido. O senador só saiu de perto quando gritaram "Vendida!" ao seu lado. "Ela sempre foi muito correta."
Depois do discurso, Rita Camata foi abraçada por meio plenário, posou em fotos com mais de 50 políticos e fãs de outros Estados e deu até autógrafos. Em golpes de franja loira, ela virava para um lado e para o outro, dando beijos, abraços, reclinando a cabeça em ombros e apoiando a mão em barrigas (muitas e grandes).
"Ooooi, João!", diz ela, com uma espécie de alegria política, dando um tapinha na barriga do irmão do assessor do presidente do PMDB, Raimundo Dantas, ao posar para foto.
"Isso é um processo natural [o assédio". As pessoas me conhecem pelo trabalho, pelos jornais...", afirma ela.
Sobre a roupa, o penteado, a bolsa, ela permanece muda. Mas Gerson Camata, não.
"A Rita é muito miserável, mão fechada para gastar com roupa. Do dinheiro dela, não sai um tostão. Raramente vai ao salão de beleza, só quando tem algum casamento. Em geral, ela mesma se penteia", diz, rindo.
Mas e o relógio Rolex (de ouro e aço)?
"Fui eu quem deu de presente de 15 anos de casamento..."
E a bolsa Louis Vuitton (das grandes)?
"Também. Presente meu..."
E o casaco de couro?
"Aquele você não põe aí, não, mas ela pegou emprestado de uma amiga para vir à convenção."



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