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ALÉM DA CONVENÇÃO
Marido entrega figurino de
Rita Camata
PAULO SAMPAIO
ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA
Rita Camata é loira, magra,
bonita e caminha com desenvoltura na chegada da convenção do PMDB. Cercada por luzes, câmaras, flashes, microfones, ela ainda ganha palmas extras dos congressistas.
Não dá para resistir à associação com a estrela de cinema em
noite de pré-estréia. Camata
veste saia de crepe florida preta
e branca enviesada abaixo do
joelho, blusa de manga comprida de malha preta, bota de
couro com bico fino e salto baixo, casaco de couro...
"Ah, sei lá onde comprei essa
roupa!", encrespa.
Rita Camata tem resposta para todas as perguntas, enquanto o modelo é a sabatina política. As senhas para despertar o
interesse dela são expressões
como "mulheres trabalhadoras", "aplicação de recursos",
"crianças em idade escolar". Se
foge disso, ela não gosta.
"A Rita detesta que a reconheçam pela beleza ou a roupa.
Quer que enxerguem a competência. Quando ganhou o apelido de "musa da Constituinte",
ficou furiosa, dizia que aprovou 60 emendas e não prestavam atenção nisso", explica o
marido da vice de José Serra,
senador Gerson Camata.
Sossegado, Camata "desapareceu" na platéia do plenário,
para observar de longe o desempenho da mulher.
"Quem tem de aparecer, hoje, é ela", diz. Ele circulou para
ver as reações, ouviu vaias e
manteve o fair play, dizendo
que já levou até ovo em convenção do partido. O senador
só saiu de perto quando gritaram "Vendida!" ao seu lado.
"Ela sempre foi muito correta."
Depois do discurso, Rita Camata foi abraçada por meio
plenário, posou em fotos com
mais de 50 políticos e fãs de outros Estados e deu até autógrafos. Em golpes de franja loira,
ela virava para um lado e para o
outro, dando beijos, abraços,
reclinando a cabeça em ombros e apoiando a mão em barrigas (muitas e grandes).
"Ooooi, João!", diz ela, com
uma espécie de alegria política,
dando um tapinha na barriga
do irmão do assessor do presidente do PMDB, Raimundo
Dantas, ao posar para foto.
"Isso é um processo natural
[o assédio". As pessoas me conhecem pelo trabalho, pelos
jornais...", afirma ela.
Sobre a roupa, o penteado, a
bolsa, ela permanece muda.
Mas Gerson Camata, não.
"A Rita é muito miserável,
mão fechada para gastar com
roupa. Do dinheiro dela, não
sai um tostão. Raramente vai
ao salão de beleza, só quando
tem algum casamento. Em geral, ela mesma se penteia", diz,
rindo.
Mas e o relógio Rolex (de ouro e aço)?
"Fui eu quem deu de presente de 15 anos de casamento..."
E a bolsa Louis Vuitton (das
grandes)?
"Também. Presente meu..."
E o casaco de couro?
"Aquele você não põe aí, não,
mas ela pegou emprestado de
uma amiga para vir à convenção."
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