São Paulo, segunda-feira, 17 de junho de 2002

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RUMO ÀS ELEIÇÕES

Candidato da Frente culpa tucano por decisão do TSE que proibiu sua aparição em programa de TV do PTB


Ciro diz que Serra é culpado por "censura"

ALEXANDRA OZORIO DE ALMEIDA
DA REPORTAGEM LOCAL

O candidato à Presidência pela Frente Trabalhista, Ciro Gomes, culpou José Serra, presidenciável tucano, pela proibição do uso de imagens suas em programas eleitorais do PTB -que, com o PDT e o PPS, integra a chapa de Ciro.
"Só a minha voz foi calada, senti-me censurado. O candidato do PSB [Anthony Garotinho" apareceu em outros programas e nada aconteceu. A culpa disso é do [tucano" José Serra, que quer se impor como o único candidato", disse ontem, em São Paulo.
Na sexta, o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) concedeu liminar pedida pelo PSDB em representação contra o PTB por causa da participação de Ciro em comerciais veiculados na última quinta.
"Enquanto isso, no domingo passado, Serra ficou 15 minutos ao vivo no Gugu traficando influência, prometendo leito em hospital público com um telefonema seu", reclamou Ciro.
Comentando a entrevista com o seu candidato a vice, Paulo Pereira da Silva, na edição de ontem da Folha, Ciro disse que Paulinho é o maior líder sindical do país.
Questionado sobre a declaração do vice, que admitiu desconhecer o programa político da Frente, Ciro disse que seu vice tem experiência e pontos de contato com os problemas brasileiros. "Tenho as minhas opiniões, que não precisam ser as dele. Vamos unificar e consolidar nossa plataforma."
No sábado, durante o mesmo evento, dirigido a lojistas, Garotinho atacou Ciro, chamando-o de destemperado. Em resposta, Ciro ironizou a frequente referência de Garotinho à Bíblia e respondeu: "Perdoe-o, Senhor, pois ele não sabe o que faz".
O deputado federal Antonio Delfim Netto (PPB-SP) deu uma palestra antes de Ciro e foi elogiado pelo presidenciável: "Das pessoas que têm falado sobre a situação atual, ele é disparado o que tem mais visão", disse.
Delfim, cujo partido optou por não ter candidato à Presidência e não fez coligação federal, disse que ainda não tem candidato, mas devolveu o elogio, dizendo que Ciro é o único que "se arriscou" a falar de reforma tributária.
Ao ser indagado sobre a conjuntura atual, o pepebista afirmou: "O governo decidiu passar de piromaníaco a bombeiro. Foi quem provocou a crise e demorou a perceber que estava colocando fogo em seu próprio rabo".
O evento da Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas, na qual discursaram Ciro, ontem, e Garotinho, no sábado, foi pano de fundo bizarro do debate eleitoral.
Ao som de "Para não dizer que não falei das flores", de Geraldo Vandré -lema da esquerda durante o regime militar-, o vídeo institucional apresentado antes da palestra de Ciro usou metáforas como a união das formigas contra o gafanhoto que se apropria da produção e o Davi derrotando o gigante Golias.
Com frases como "Líderes não nascem do dia para a noite", foram mostradas imagens dos ex-presidentes Jânio Quadros e Fernando Collor de Mello, os líderes pacifistas Mahatma Gandhi e Martin Luther King e ditadores como Adolf Hitler e Fidel Castro.



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