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Relatório final da PF diz que Vavá
teria praticado tráfico de influência
Para os investigadores, o presidente Lula teve seu nome usado sem conhecimento
HUDSON CORRÊA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPO GRANDE
RUBENS VALENTE
ENVIADO ESPECIAL A CAMPO GRANDE
O relatório final da Operação
Xeque-Mate da Polícia Federal,
encaminhado à Justiça Federal, atribui supostos crimes
com penas que variam de três a
dez anos de reclusão para o caso do aposentado Genival Inácio da Silva, o Vavá, irmão do
presidente Luiz Inácio Lula da
Silva, e de sete anos e três meses a 28 anos de prisão para os
casos do compadre de Lula, Dario Morelli Filho, e do empresário de jogos Nilton Cezar Servo.
Segundo o relatório, Vavá teria praticado supostos tráfico
de influência e exploração de
prestígio. A Morelli e Servo são
atribuídos os supostos crimes
de corrupção ativa, formação
de quadrilha, falsidade ideológica, contrabando ou descaminho, exploração de jogos de
azar e sonegação fiscal.
Não há, no relatório final, nenhuma menção a um possível
envolvimento de Lula com Vavá, Morelli ou Servo. Relatórios
preliminares da PF no mesmo
inquérito afirmam que o nome
de Lula foi usado sem o seu conhecimento em supostas práticas de lobby.
O relatório e o inquérito presididos pelo delegado da PF de
Campo Grande (MS) Alexandre Custódio estão sendo analisados desde a última quinta-feira por três procuradores da
República, que podem ou não
concordar com os indiciamentos apontados pela PF. Eles devem apresentar amanhã uma
denúncia ao juiz da 5ª Vara Federal de Campo Grande, Dalton Kita Conrado. Caso o juiz
acolha a denúncia, começará o
processo judicial, ao final do
qual é dada a sentença de condenação ou absolvição.
As investigações da PF concluíram pela existência de cinco "organizações criminosas"
de exploração de jogos de azar
-baseadas em Mato Grosso do
Sul e atuação em vários Estados-, uma das quais supostamente liderada por Servo, ex-deputado estadual do Paraná.
Segundo a PF, a maioria desses grupos locava ou comprava
máquinas de caça-níqueis de
uma empresa de São Paulo, a
Multiplay, cujo dono, Raimondo Romano, está foragido. A PF
diz "não restar dúvidas" de que
as máquinas da Multiplay são
"oriundas de contrabando ou
descaminho". Laudos periciais
da PF apontaram que os componentes eletrônicos das máquinas vieram de países da
Ásia, principalmente.
As investigações indicaram
que essas organizações cooptavam e subornavam policiais civis e militares, para evitar o
combate às irregularidades. Alguns dos policiais se tornaram
"sócios" informais na exploração das máquinas caça-níqueis.
Segundo a PF, os grampos e
papéis apreendidos na casa de
Vavá sugerem que ele recebia
recursos de Servo em troca de
suposta influência no Judiciário e em órgãos do Executivo.
Vavá admitiu ter pedido
R$ 2.000, uma única vez. Outros depoimentos e gravações
indicam que Vavá fazia pedidos
freqüentes de dinheiro.
Morelli Filho é acusado de
usar um laranja para ocultar
uma sociedade com Servo numa casa de jogos em Ilhabela
(SP). Gravações telefônicas indicam, diz a PF, que ambos pagaram propinas a policiais civis.
Das 101 pessoas indiciadas
pela PF, sete continuam presas
e duas estão foragidas -além
de Romando, o ex-deputado federal Gandi Jamil. Nos depoimentos, Vavá, Servo e Morelli
negaram ter cometido os crimes pelos quais são acusados.
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