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Assessor de Renan disputou eleição sem ter deixado cargo
Legislação eleitoral obriga que servidor se afaste, mas um ato secreto o manteve no posto
Alexandre Araújo Rocha foi demitido por um ato público de 29 de junho de 2006, mas um ato secreto do mesmo dia adiou decisão para 2007
DA SUCURSAL A BRASÍLIA
Um ato secreto do Senado
aponta que funcionário do gabinete do senador Renan Calheiros (PMDB-AL) foi mantido no cargo enquanto era candidato a deputado estadual pelo PMDB no Estado de Alagoas.
A Justiça Eleitoral determina que ocupantes de cargos de
confiança se afastem do posto a
partir da data em que registrem
suas candidaturas -ou seja,
cerca de três meses antes do dia
da votação, em outubro.
Alexandre Murta de Araújo
Rocha não se elegeu deputado,
teve 3.106 votos e gastou R$ 13
mil na campanha. Ele ainda é
funcionário do Senado no cargo de assistente parlamentar,
com um salário de R$ 2.794,18,
mas não fica em Brasília.
No gabinete de Renan, a secretária informa que Rocha trabalha no escritório do senador
em Maceió, onde também funciona a sede do PMDB alagoano, do qual Renan é presidente.
A reportagem procurou Rocha ontem por telefone no diretório do PMDB e deixou recado, mas funcionários disseram
que ele não estava e que não poderiam informar o celular.
Em ato público de 29 de junho de 2006, quando Renan
presidia o Senado, aparece que
Rocha foi exonerado do gabinete do senador. Porém, um ato
com a mesma data, mas só publicado na intranet do Senado
em 11 de maio deste ano, trouxe
"incorreções na publicação" da
exoneração do funcionário.
O ato estabelece que a demissão valeria somente a partir de
1º de abril de 2007. Com isso,
Rocha ficou oficialmente no
cargo durante as eleições, contrariando determinação da
Justiça Eleitoral.
Outras publicações na intranet do Senado mostram que o
servidor foi exonerado do gabinete de Renan só em março de
2008. Três meses depois, foi
nomeado para o "quadro de
pessoal do Senado".
Tanto o ato público como o
secreto referentes ao funcionário foram assinados pelo então
diretor-geral do Senado Agaciel
da Silva Maia. Ele foi afastado
do cargo no início deste ano,
após omitir da Justiça uma casa
avaliada em R$ 5 milhões.
No rastro de sua demissão,
surgiu uma série de escândalos
administrativos no Senado. O
atual aponta que atos de nomeações e demissões de funcionários eram secretos.
Agaciel Maia não ligou de
volta ontem. Procurada, a assessoria de Renan também não
telefonou de volta com uma
resposta do senador até o fechamento desta edição.
Policiais
Em sua edição de ontem, o
"O Estado de S. Paulo" publicou
que atos secretos do Senado
também foram usados para
blindar assessores parlamentares presos em operações da Polícia Federal nos últimos anos.
O objetivo seria manter em sigilo a situação funcional dos assessores dentro do Senado.
O jornal "Correio Braziliense" diz, conforme publicação de
ontem, que uma sobrinha de
Jorge Murad, genro do presidente do Senado, José Sarney
(PMDB-AP), foi nomeada para
cargo no gabinete da liderança
do PTB, partido da base aliada
do governo. Um ato secreto teria sustentado a medida.
(HUDSON CORRÊA, ADRIANO CEOLIN E ANDREZA MATAIS)
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