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Ex-colegas negam existência de castigo
PAULO MOTA
da Agência Folha, em Fortaleza
Ex-colegas e religiosos que conviveram com o diretor-geral da
Polícia Federal, João Batista Campelo, e com o professor universitário de filosofia e ex-padre José Antônio Monteiro no seminário Santo Antonio, em São Luís, negaram
que houvesse as práticas de castigo
que Campelo disse ter sido vítima
na instituição.
Em reportagem publicada na Folha, sábado passado, Campelo disse que, na época em que esteve no
seminário, entre 1957 e 1960, sofreu pancadas de palmatória, passou três meses incomunicável, ficou de joelhos numa escadaria e
que foi colocado em pé, de castigo,
em frente a uma coluna do seminário por várias horas, devido ao
seu comportamento ""rebelde".
""Eu é que deveria dizer que fui
vítima de tortura ou de castigos",
disse Campelo. Segundo ele, Monteiro era uma espécie de ""dedo-duro" do restante dos alunos do
seminário, já que ocupou a função
de regente de disciplina dos colegas. Campelo disse que na época
do seminário Monteiro ""não tinha
muita predileção" por ele.
A Agência Folha entrevistou ontem cinco ex-colegas de Campelo,
que entraram com ele no seminário em 1957, e três religiosos que
trabalhavam na instituição no período. Todos afirmaram que não
lembram desses episódios e foram
unânimes em afirmar que não havia prática de castigos.
O funcionário público Benedito
da Silva Gomes Filho disse que era
da mesma turma de Campelo, mas
que não se lembrava de ter visto ele
sofrer os castigos. ""O que posso dizer com certeza é que não existia
nem palmatória no seminário. Se
ele ficou três meses incomunicável, foi sem o conhecimento dos
demais colegas", disse.
Segundo Gomes, os problemas
disciplinares dos seminaristas
eram resolvidos geralmente com
muita conversa e, quando chegava
em situações limite, os pais eram
convocados. ""Nunca vi ninguém
ficar de joelhos ou sofrer castigos
no seminário", disse Gomes, que
estudou no seminário até 1963.
A versão de Gomes, que mora
em Brasília, é confirmada pelo advogado José de Ribamar Oliveira
Lima, o aposentado João Ribamar
Neves, o economista Carlos Clésio
Barbosa Frazão e o fazendeiro Arnaldo de Jesus da Silva Carneiro,
que estudaram com Campelo.
Eles disseram que conheceram
Monteiro, mas que não se lembravam que houvesse um clima de
animosidade entre ele e Campelo.
Lima disse que o papel de Monteiro como regente disciplinador era
mais de orientar do que dedurar.
O padre Francisco Xavier da Silva, que foi reitor do seminário, disse que a disciplina do seminário
era ""liberal" para a época. Os padres Aloísio Deina Goch e Sílvio
Batista Martins, que foram professores, confirmam a versão de Silva.
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