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SISTEMA FINANCEIRO
Presidente do Congresso e membros de CPIs vêem risco de crise institucional com decisão pró-Lopes
Para ACM, liminar do Supremo é "crime"
da Sucursal de Brasília
O presidente do Congresso Nacional, senador Antonio Carlos
Magalhães (PFL-BA), qualificou
como "um crime" a concessão da
liminar que beneficiou o ex-presidente do Banco Central Francisco
Lopes.
"Impedir quebra de sigilo é um
crime", disse ACM, ao comentar a
decisão do ministro Sepúlveda
Pertence, do STF (Supremo Tribunal Federal). O senador afirmou
que o ministro deve mudar sua decisão para "evitar um conflito institucional".
Mentor intelectual da CPI que investiga o Judiciário, ACM insinuou
que o STF estaria atuando contra
as investigações do Congresso. "O
Judiciário não quer deixar as CPIs
trabalharem", disse.
"O Supremo nunca impediu o
trabalho de CPIs. Fica parecendo
providência para que não se faça a
reforma do Judiciário, onde há
corrupção, evidentemente não de
todos os juízes", disse ACM.
O ministro Sepúlveda Pertence,
que expediu a liminar, também foi
criticado. "O ministro Pertence
deveria ter estudado o mérito da
questão. Ele mesmo duvida, não
tem posição, mas retirou um dos
principais instrumentos das
CPIs", disse ACM.
O senador se referiu ao trecho do
despacho em que Pertence cita
dois comentários de ministros favoráveis à restrição de poderes das
CPIs e, logo depois, ressalta não se
comprometer com as afirmações
das autoridades e "menos ainda
com a posição contrária".
Pertence não comentou as declarações de ACM. Liminar anterior,
concedida pelo ministro Celso de
Mello, já havia cancelado a quebra
de sigilos de um advogado do Banco Marka e imposto limites às
ações futuras de todas as CPIs.
A Folha apurou que, por causa
do confronto, ACM pensou em
cancelar sua ida a Portugal, mas
acabou viajando ontem à noite. O
senador determinou a seus assessores que façam um projeto de
emenda constitucional para tornar
mais claros os poderes das CPIs.
Além de ACM, praticamente todos os integrantes da CPI dos Bancos criticaram a decisão de Pertence. O presidente da CPI do Judiciário, Ramez Tebet (PMDB-MS),
discursou para defender as atribuições das comissões.
Para o presidente da CPI dos
Bancos, Bello Parga (PFL-MA), a
decisão provocou "uma crise institucional entre o Senado e o Judiciário".
O líder do PMDB no Senado, Jader Barbalho (PMDB-PA), disse
que cabe ao STF definir imediatamente os limites de atuação das
CPIs. "Não podemos esperar 120
dias até o julgamento do mérito da
decisão (de Sepúlveda Pertence)",
disse Barbalho.
O relator da CPI dos Bancos,
João Alberto (PMDB-MA), disse
que a medida provocará um novo
atraso na divulgação do relatório
parcial sobre a ajuda do Banco
Central aos bancos Marka e FonteCindam.
No final da tarde de ontem, o diretor de Fiscalização do BC, Luiz
Carlos Alvarez, se reuniu com a cúpula da CPI para explicar as causas
da demora no envio de documentos solicitados pela comissão.
Alvarez afirmou que os atrasos
são de responsabilidade dos bancos aos quais os dados estão sendo
pedidos.
"Estamos mandando para a CPI
tudo o que recebemos", afirmou o
diretor.
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