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QUESTÃO AGRÁRIA-2
Sindicância investiga excessos em operação policial
Major que comandou despejo de sem-terra deixa cargo em MS
RUBENS VALENTE
da Agência Folha, em Campo Grande
O governador Zeca do PT anunciou o afastamento do comandante da 3ª Companhia da Polícia Militar de Aquidauana (MS), major
Sebastião de Oliveira Bueno.
O major Bueno havia comandado a operação de despejo de cerca
de 150 famílias de trabalhadores
rurais ligadas ao MST em Nioaque
(cerca de 150 km de Campo Grande), no último sábado.
O Comando Geral da Polícia Militar afirmou que o major Bueno
pediu o afastamento para que não
houvesse dúvidas sobre a sindicância aberta ontem para apurar
possíveis ""excessos" dos 120 policiais militares mobilizados para a
operação de despejo.
Em entrevista coletiva, o governador admitiu que tinha conhecimento da operação policial, que foi
autorizada pessoalmente pelo secretário estadual da Segurança,
Franklin Masrhua.
A ação foi acusada de ilegal pelo
MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), porque o
mandado de reintegração de posse, expedido pela Justiça de Aquidauana, era referente a uma área
que havia sido desocupada quase
dois meses antes.
O governo do Estado utilizou o
mesmo mandado para retirar as
famílias que já estavam na propriedade vizinha, que pertence ao próprio governo estadual, o assentamento Padroeira do Brasil.
Zeca do PT disse que estava atendendo uma ordem judicial e apenas criticou ""a forma" como foi
feito o despejo.
Os sem-terra relataram ter havido detonações de bombas de efeito
moral e rajadas de metralhadoras,
numa ação iniciada às 4h da madrugada. Barracos dos sem-terra
foram demolidos, e lonas foram
rasgadas e queimadas.
Segundo Zeca do PT, a operação
""causou constrangimento" ao governo porque os ""trabalhadores
sem-terra não podem ser tratados
como bandidos".
O governador reuniu ontem o
Alto Comando da Polícia Militar e
diretores da Polícia Civil para
anunciar a formação de um ""Conselho de Crise", a ser formado ainda pela Casa Civil e Secretarias de
Justiça e Trabalho e da Produção,
que deverá ser acionado antes ""de
qualquer cumprimento de mandado judicial de reintegração de posse" de propriedades rurais.
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