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MISTÉRIO EM ALAGOAS
Legista queria presença de outro promotor no confronto que terá hoje com autores de contralaudo
Justiça recusa reivindicações de Badan
ARI CIPOLA
da Agência Folha, em Maceió
MÁRIO MAGALHÃES
enviado especial a Maceió
O legista Fortunato Badan
Palhares entregou à Justiça de
Alagoas uma petição de seis páginas em que
apresentou oito
reivindicações para o confronto de
hoje, a partir das 15h, entre os peritos que elaboraram os dois laudos
principais sobre as mortes de Paulo César Farias e Suzana Marcolino, ocorridas em junho de 1996.
Badan abriu a petição levantando a suspeição do promotor Luiz
Vasconcelos devido ao parecer,
datado de 5 de abril de 1999, que
anexou aos autos do inquérito fotos de Suzana Marcolino publicadas pela Folha e determinou novas
diligências.
O legista considerou que o promotor fez juízo de valor ao criticar
o laudo coordenado por ele sobre
as mortes, em especial na definição
da altura de Suzana em 1,67 m.
Badan pediu a presença de um
outro promotor para o confronto.
A medida não poderia ser tomada
pelo juiz Alberto Jorge Correia, só
pelo Ministério Público.
"Quem não deve não teme", disse Luiz Vasconcelos. "O pedido é
irrelevante. Estou acostumado
com pressão muito pior. É tão medíocre que não merece resposta."
Tubos de ensaio
A reivindicação que causou
maior surpresa ao juiz foi a apresentação hoje dos tubos de ensaio
com o algodão que foi passado nas
mãos de Suzana no dia 23 de junho
de 1996 para recolher resíduos de
substâncias.
Os peritos alagoanos que realizaram o teste fizeram parte da equipe
do laudo de Badan.
Na época, não foram encontrados no algodão cinco elementos
químicos que costumam ficar nas
mãos de pessoas que atiram.
Badan também quer: a instalação
de uma cama de casal no fórum; a
arma do crime; cópia do vídeo das
necropsias realizadas pelos autores do contralaudo em 1997; cópia
do laudo da Unicamp sobre a altura de Suzana baseado nas fotos obtidas pela Folha; direito de seus
três advogados intervirem no debate; e o conhecimento da lista de
cinco consultores requisitados pelo promotor.
Alberto Jorge Correia indeferiu a
petição de Badan, embora possa
vir a providenciar a cama e o algodão. "No geral, é uma aberração
jurídica. Peritos são auxiliares da
Justiça. Advogado é para réu."
Advogado
O juiz também negou o pedido
do advogado José Fragoso Cavalcanti, representante de Augusto
Farias, irmão de PC, e dos quatro
seguranças já indiciados por duplo
homicídio. Fragoso queria fazer
perguntas.
Somente o promotor e o juiz poderão questionar os peritos. "Isso
não será um circo", disse Correia.
Ao contrário de anteontem, o advogado Nivaldo Dóro afirmou que
seu cliente Badan não condiciona a
presença no confronto ao atendimento das solicitações. A petição,
porém, fala na possibilidade de
não haver o debate.
Dizendo que apenas seus advogados dariam entrevista, o legista
chegou ontem a Maceió, três anos
após ser contratado como o perito
que esclareceria as mortes do ex-tesoureiro de Fernando Collor de
Mello e Suzana Marcolino.
De um lado do debate, ficarão
Badan e co-autores do seu laudo,
entre eles os legistas Antônio Bastos e Gérson Odilon. Eles concluíram que Suzana matou PC e se suicidou. De acordo com o trabalho, a
altura dela seria 1,67 m.
Do outro lado, estarão os autores
do contralaudo de 1997, entre os
quais os legistas Genival Veloso de
França e Daniel Muñoz e o perito
criminal Domingos Tochetto.
Altura de Suzana
Num laudo não-conclusivo, eles
afirmaram que provavelmente Suzana não se suicidou e que não há
elementos para assegurar que ela
assassinou PC. Com base nos ossos
do cadáver, projetaram a altura em
1,57 m.
No dia 22 de março, o promotor
Luiz Vasconcelos disse que, com a
dúvida sobre a altura e a divergências entre os laudos, o caso caminhava para o arquivamento.
Dois dias depois, com a publicação das fotos em que Suzana aparece mais baixa que PC, cuja altura
era 1,63 m, o promotor reabriu as
investigações.
Suzana media de 1,53 m a 1,57 m,
segundo o laudo sobre as fotos.
Com esse tamanho, ela teria sido
atingida no rosto ou a bala teria
passado sobre um ombro, conforme o contralaudo de 1997. A bala
que a matou penetrou no peito.
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