|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Petista sugere contar com reeleição
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Ao comentar que demanda
tempo combater os velhos problemas sociais do país, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva cometeu um ato falho ontem, admitindo que trabalha com a possibilidade de ser reeleito em 2006.
"Solução definitiva a gente não
tem em quatro anos, nem em oito...". Percebendo, respirou e continuou, como se tentasse diluir o
ato falho: "Nem em dez...".
Cauteloso ao falar de seus antecessores, o presidente repetiu várias vezes que a dívida social do
país é muito antiga e distinguiu:
"Não é só do governo do Fernando Henrique [Cardoso] nem do
governo Itamar [Franco]".
Lula também afirmou que "hoje
em dia, é preciso ter muito cuidado para editar MPs [medidas provisórias], porque elas trancam a
pauta do Congresso".
Acrescentou que, antes, os presidentes não tinham essa limitação, porque podiam reeditar as
medidas provisórias "até 80 vezes,
só mudando uma palavra".
Com isso, Lula fez eco ao que
havia afirmado o ministro Aldo
Rebelo (Coordenação Política)
sobre a utilização de MPs, que
vêm sendo criticadas até por aliados do Planalto como o presidente da Câmara dos Deputados,
João Paulo Cunha (PT-SP).
A prática de Lula em seu governo, no entanto, é bem diferente
desse discurso. O presidente editou 95 medidas provisórias nos
seus primeiros 18 meses de mandato e foi o recordista na comparação com seus antecessores em
igual período.
Lula falou sobre as MPs e suas
atuais dificuldades, para ilustrar
por que, muitas vezes, os projetos
do governo não andam, apesar de
serem anunciados pelos ministros e divulgados pela mídia.
"Entre pensar, fazer o projeto e
o Congresso votar, demora tempo", afirmou o presidente ontem,
durante uma entrevista a dez órgãos de imprensa sobre iniciativas de seu governo relacionadas a
crianças e adolescentes.
Lula também deixou claro que
não há emendas constitucionais
relevantes à vista, depois da reforma da Previdência, por exemplo.
Condenando o excesso de mudanças legais, o presidente disse
que o mais importante agora é
cumprir as leis existentes. "Fizemos a Constituição de 88 sem
cumprir a de 46", justificou.
Ele afirmou ainda que a Constituição é cheia de boas intenções
na área social, mas nada sai do papel. "Tudo na área social depende
de leis complementares que nunca são votadas.", disse.
(EC)
Texto Anterior: Saiba mais: Principal vitrine na área social foi esvaziada em 2003 Próximo Texto: Guido vê alta velocidade, não paralisia Índice
|