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Guido vê alta velocidade, não paralisia
DA REPORTAGEM LOCAL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro do Planejamento,
Guido Mantega, negou ontem
que o governo Lula tenha gasto
menos do que o previsto em programas considerados prioritários
no primeiro semestre de 2004.
Dados do Siafi (sistema de
acompanhamento dos gastos federais) mostram que 39% dos 340
programas de investimentos do
governo para este ano -entre os
quais alguns prioritários, como o
Primeiro Emprego- tiveram
gasto inferior a 10% do total nos
seis primeiros meses deste ano,
conforme levantamento publicado ontem pela Folha.
"Essa história de dizer que o governo está parado é um absurdo.
Se você pinçar alguns programas
em um universo de 340, de fato,
alguns deles realmente estão andando mais devagar, mas globalmente o governo está caminhando em alta velocidade."
Segundo o ministro, até junho,
o governo havia empenhado
(comprometimento de receita)
R$ 37,8 bilhões com despesas em
custeio e investimentos de um total previsto de R$ 61,8 bilhões para 2004. O volume de recursos já
pagos é de R$ 21,1 bilhões.
Em 2002, último ano do governo Fernando Henrique, a previsão de despesas com custeio e investimentos era de R$ 49,2 bilhões. Até junho daquele ano, o
governo havia empenhado R$
22,2 bilhões e liquidado, R$ 15,1
bilhões. "Estamos com mais eficácia do que o último ano do governo FHC", afirmou ele.
Mantega reconheceu que o gasto com o programa Primeiro Emprego está bem abaixo do esperado. Com dotação de R$ 189 milhões para este ano, utilizou somente R$ 422 mil (0,2%).
Em compensação, alegou o ministro, o governo gastou quase a
metade (46,6%) dos recursos disponíveis este ano para o Bolsa-Família -um dos principais programas sociais do governo.
O presidente nacional do PT,
José Genoino, reconheceu que o
governo teve dificuldades orçamentárias no primeiro semestre,
mas avaliou que o segundo semestre é a "hora de dar uma acelerada". "O governo está em uma
linha de ascensão positiva, cujo
ponto central é o desenvolvimento do país", afirmou ele.
O presidente do PT defendeu a
focalização dos investimentos nos
projetos de desenvolvimento do
país. "A manutenção da estabilidade está resolvida, temos que focar agora no direcionamento de
investimentos para consolidar esse eixo estratégico, que é o desenvolvimento econômico e social."
O presidente da Comissão Mista de Orçamento do Congresso,
deputado Paulo Bernardo (PT-PR), afirmou considerar que 36%
de execução orçamentária pelo
governo é um número razoável
para o primeiro semestre.
"O Orçamento foi sancionado
em janeiro, o quadro definitivo
sobre o que ia ser liberado e o que
ficaria contingenciado só ficou
pronto em março", disse.
Oposição
A oposição disse que os números da execução orçamentária revelariam a "ineficácia" do Palácio
do Planalto. "Eles são bons de discurso, mais ruins de governo. A
administração está repleta de pessoas ineficazes, que não têm capacidade de gastar o que têm", afirmou José Agripino (RN), líder do
PFL no Senado.
O deputado Alberto Goldman
(SP), que lidera a bancada do
PSDB na Comissão de Orçamento, disse acreditar que a situação é
pior. "O quadro geral é pior do
que os números mostram. Se vocês retirarem a execução relativa
às obrigações do dia a dia e deixar
só ações de investimento, vão ver
que o governo está muito devagar, quase parando", disse.
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