São Paulo, sábado, 17 de julho de 2004

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CONGRESSO

Dos 290 parlamentares faltosos, só 5 foram punidos com desconto no salário, pois não apresentaram justificativa

56,5% dos deputados não apareceram em 10% das sessões

FERNANDA KRAKOVICS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

No primeiro semestre deste ano, 56,5% dos 513 deputados federais faltaram pelo menos a 10% das sessões deliberativas realizadas no plenário da Câmara. Enquanto isso, 39,18% dos deputados compareceram a pelo menos 90% das sessões.
No total foram 85 sessões com votações no período, as chamadas sessões deliberativas. Elas ocorrem de terça a quinta-feira, ou seja, o balanço não contabiliza as tradicionais ausências dos deputados às segundas e sextas-feiras.
As justificativas dos 290 parlamentares que faltaram a mais de oito sessões (10%) são estas: 263 argumentaram estar em missões oficiais, dez apresentaram atestados médicos, 12 faltaram por uma soma desses dois motivos e cinco não deram justificativa.
As informações estão no relatório da Secretaria Geral da Mesa e foram atualizadas até 29 de junho.
Entre os faltosos, apenas os cinco que não justificaram as ausências tiveram desconto proporcional no salário, que é de R$ 12,8 mil ao mês. Apresentação de atestado médico e participação em missão oficial abonam as faltas.
Há outros deputados que tiveram desconto em folha, mas como faltaram menos do que a 10% das sessões não constam do levantamento. As faltas às segundas e sextas são abonadas.
A rigor, missões oficiais são viagens pelo país ou ao exterior com o objetivo de intercâmbio de experiências, audiências públicas de CPIs (Comissões Parlamentares de Inquérito) e recolhimento de subsídios para elaboração de pareceres, por exemplo. Nesses casos os deputados costumam receber passagens aéreas e diárias.
O ato nš 23 da Mesa Diretora, de 12 de agosto de 1999, no entanto, também passou a considerar missão oficial o cumprimento de representação protocolar da Casa e o desempenho de atividade política ou cultural relacionada ao exercício do mandato, caso o presidente da Câmara concorde.
Na prática, isso significa que deputados que ficam em seus Estados para reestruturar diretórios de seus partidos ou para encontros políticos podem ter as faltas abonadas, desde que o presidente da Câmara concorde.
Integrantes da Mesa Diretora e líderes partidários não são obrigados a registrar presença. Como estão constantemente em reunião ou trabalhando em questões burocráticas, podem justificar suas ausências do plenário na rubrica "missão oficial".
Esse é o caso do deputado Geddel Vieira Lima (PMDB-BA), primeiro-secretário da Casa, que faltou a 43,53% das sessões alegando estar em missão oficial.
"Eu não fui a lugar nenhum, mas não tenho obrigação de ter a presença registrada. Estou naquela aporrinhação [da primeira-secretaria]. É o preço que pago por ter assumido um cargo burocrático. Como não sou obrigado, não preciso sair correndo para registrar presença", disse.


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