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Justiça processa Dantas por tentativa de suborno
Humberto Braz e Hugo Chicaroni também serão processados; os três agora são réus
Na decisão, o juiz Fausto De Sanctis diz haver "indícios suficientes" da participação dos três em tentativa de subornar um delegado da PF
LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL
Um dia depois de o delegado
Protógenes Queiroz ter sido
afastado das investigações pela
cúpula da PF, a Justiça Federal
abriu um processo criminal
contra o banqueiro Daniel
Dantas, o braço direito dele e
ex-presidente da Brasil Telecom, Humberto Braz, e o consultor Hugo Chicaroni, pelo
crime de corrupção ativa.
Na decisão, o juiz Fausto De
Sanctis, da 6ª Vara Criminal
Federal de São Paulo, informou
existir "indícios suficientes" da
participação dos três numa
tentativa de subornar o delegado da PF Victor Hugo Ferreira
com US$ 1 milhão para que
Dantas e parentes fossem excluídos da investigação.
Com a abertura do processo,
Dantas, Braz e Chicaroni passam da condição de investigados para a de réus.
Toda a negociação para o pagamento de propina, que ocorreu em restaurantes de São
Paulo, foi autorizada pela Justiça, filmada pela PF e monitorada por escutas telefônicas.
Na decisão, Sanctis rebateu o
argumento de advogados da defesa, que disseram que as provas apresentadas pelo Ministério Público Federal para sustentar a ocorrência do crime de
corrupção são inválidas, pois o
flagrante teria sido armado.
"Não houve flagrante preparado", disse o magistrado. Segundo ele, quem telefonou para
o delegado foi Braz.
Preso desde o dia 8, Chicaroni confessou a tentativa de extorsão e afirmou que atendia a
um pedido de Dantas. Braz, por
sua vez, manteve-se em silêncio. Advogados dele informaram que pedirão perícia das
gravações realizadas pela PF.
Advogados de Dantas refutam a acusação de tentativa de
extorsão de um delegado.
Segundo o procurador Rodrigo De Grandis, os emissários de
Dantas ofereceram US$ 500
mil ao delegado em troca da exclusão dos nomes do banqueiro, de sua irmã e do filho dela da
investigação. Depois, o valor
subiu para US$ 1 milhão. As
gravações revelam que foram
feitos dois pagamentos, um de
R$ 50 mil e outro de R$ 79.050.
Na casa de Chicaroni, no último dia 8, a PF encontrou quase
R$ 1,3 milhão em dinheiro. Em
depoimento, o consultor disse
que tinha recebido R$ 865 mil
de "pessoas ligadas ao Opportunity", de Dantas, para que
fossem entregues ao delegado.
De Grandis disse que outras
denúncias serão apresentadas
contra o grupo e que ofereceu a
denúncia por corrupção porque dois acusados estão presos.
NA INTERNET
www.folha.com.br/081972
ouça gravação da PF sobre tentativa de suborno a delegado
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