São Paulo, quinta-feira, 17 de julho de 2008

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Dantas, delegado e juiz terão de depor em CPI

Depoimentos, na comissão que investiga escutas telefônicas, estão marcados para agosto, após o recesso parlamentar

Também foram convocados para depor diretores da Kroll e o delegado da PF Romero Menezes, responsável pela Operação Chacal, de 2004


MARIA CLARA CABRAL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A CPI das Escutas Telefônicas da Câmara aprovou ontem, em votação simbólica, a convocação do banqueiro Daniel Dantas, do delegado Protógenes Queiroz, que deixou anteontem o comando da Operação Satiagraha, e do juiz Fausto Martin De Sanctis, autor dos pedidos de prisão de Dantas.
Os depoimentos foram marcados para 6 (Queiroz), 7 (Sanctis) e 13 (Dantas) de agosto, na volta do recesso parlamentar.
Na sessão de ontem, foram aprovados ainda requerimentos de pedidos de informação sobre a Operação Chacal, deflagrada em 2004, que investigou a suposta espionagem da Kroll contra a Telecom Italia. Diretores da empresa e o delegado Romero Menezes, responsável por essa operação, também foram convocados.
A votação simbólica ontem foi possível graças ao acordo firmado com a base aliada na véspera para arquivar os pedidos de depoimento dos petistas Luiz Eduardo Greenhalgh, ex-deputado e advogado de Dantas, e do ex-ministro Luiz Gushiken (Comunicação Social), além do investidor Naji Nahas.
O deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR) acredita que a CPI ganha novo fôlego com os depoimentos de Dantas, do delegado e do juiz e assegurou que vai questionar os depoentes sobre outros detalhes da Operação Satiagraha, como o afastamento de Protógenes do caso.
"É inevitável perguntar sobre a saída de Protógenes e outros detalhes. Quem vai censurar? Agora, é claro que existe um trabalho do governo para esfriar o assunto", disse ele.
Nelson Pellegrino (PT-BA), relator da CPI, disse que não tem como impedir nenhuma pergunta, mas já adiantou que informações que não dizem respeito a grampos não entrarão em seu relatório final.
Marcada para acabar em agosto, a CPI já foi estendida até setembro. Fruet, porém, ganhou ontem o apoio dos demais membros da comissão para que ela seja estendida por outros 90 dias. O pedido será levado ao presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), que pode decidir sozinho ou levar o assunto ao plenário da Casa.
Ontem, Chinaglia manifestou apoio para votar projetos que tornam mais rigorosa a lei sobre abuso de autoridade e que regulamentam o uso de grampos em investigações. A proposta sobre grampos, de autoria do senador Pedro Simon (PMDB-RS), já está pronta para ser votada na Câmara.
A discussão sobre uma nova legislação tomou fôlego devido às críticas feitas pelo presidente do STF(Supremo Tribunal Federal), Gilmar Mendes, que tem criticado o que considera "espetacularização" de operações da Polícia Federal.


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