São Paulo, quarta-feira, 17 de agosto de 2005

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DIREITA FESTIVA

Jovens de escolas particulares dizem que são contra a abertura do processo de impeachment

Estudantes rejeitam reeleição de Lula

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BRASÍLIA


Com os rostos pintados com listras em verde e amarelo, os adolescentes Gustavo Lisboa, 16, Marina Souza, 16, Rafaela Ramos, 16, e Alexandre Gomes, 18, faltaram à aula ontem para participar da manifestação na Esplanada dos Ministérios. Todos, apesar de contrários ao impeachment do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, afirmam que não darão seus votos ao candidato do PT em 2006 -quando vão às urnas pela primeira vez.
"Crescemos ouvindo os nossos pais fazendo campanha para o Lula e dizendo que ele era um homem sério. Agora, no poder, Lula parece outra pessoa", disse Marina, que, assim como Gustavo e Rafaela, cursam o segundo ano do ensino médio em uma instituição privada de Brasília.
Os estudantes chegaram cedo à manifestação. Por volta das 9h já estavam sentados num gramado em frente à Catedral de Brasília, próximos ao carro de som no qual líderes estudantis atacavam a "direita" e ironizavam líderes pefelistas como Antônio Carlos Magalhães Neto (BA) e Jorge Bornhausen (SC).
Críticos do governo, os quatro estudantes também atacaram a tentativa "golpista" da direita. "Não tem sentido fazer o jogo da elite", disse Rafaela. "Não posso apoiar o impeachment. Isso é insano", completou Marina.
Ontem, enquanto aguardavam o início da marcha, os estudantes viram alguns de seus amigos abandonarem o protesto por conta da presença de bandeiras do PC do B entre os manifestantes. "Não sou a favor do comunismo nem contra o Lula. Mas teve amigos nossos que chegaram aqui, viram as bandeiras do PC do B e foram embora na mesma hora", disse Marina.
Para eles, o deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) é o grande personagem da atual crise política. "[Jefferson] foi advogado do ex-presidente Collor, representa as elites, mas suas denúncias foram comprovadas e merecem ser apuradas", afirmou Gustavo.
Os estudantes também acreditam que o presidente Lula tinha conhecimento dos atos de corrupção. "Só se ele for omisso para não saber. Mas, se fosse, não estaria no lugar que está", disse Rafaela. "Para mim, o Lula é vítima do próprio PT", acrescentou Alexandre, namorado de Rafaela, que cursa Ciência da Computação num centro universitário também privado de Brasília.
(EDS e LF)


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