São Paulo, quarta-feira, 17 de agosto de 2005

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SENHOR, PIEDADE

Deputado do PL pediu "piedade" aos integrantes da CPI dos Correios, mas não foi atendido

Mabel pede para sair da lista dos "cassáveis"

FERNANDA KRAKOVICS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Com voz de choro, o deputado Sandro Mabel (PL-GO) pediu "piedade" ontem aos integrantes da CPI dos Correios ao fazer um apelo para que seu nome seja excluído do relatório parcial da comissão que pedirá a cassação de deputados. Ele não conseguiu sensibilizar o relator da CPI, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR).
Mabel está entre os 18 parlamentares que receberam notificação da CPI para se defenderem, por escrito, das acusações de quebra de decoro por estarem supostamente envolvidos com o "mensalão". Eles têm cinco dias úteis para responder.
O deputado apareceu de surpresa na sessão da CPI, onde nunca havia comparecido. Um dos principais argumentos utilizados por ele foi o de que já enfrenta um processo no Conselho de Ética da Câmara.
"Não quero estar em mais uma lista, olhem com carinho. Os senhores estão ralando quem já está ralado. Para onde vão me mandar mais? Me ajudem, tenham piedade", disse ele, quase chorando.
Serraglio pretende dividir os 18 deputados em dois grupos. Uma parte será encaminhada ao Conselho de Ética, com recomendação de cassação, porque haveria provas de quebra de decoro. Os outros, contra os quais pesariam apenas indícios, serão enviados para a CPI do Mensalão, que continuaria as investigações. Esse relatório tem que ser votado pela CPI dos Correios.
O processo contra Mabel foi aberto no Conselho de Ética por causa de uma denúncia da deputada licenciada Raquel Teixeira (PSDB-GO), segundo a qual o deputado lhe ofereceu R$ 1 milhão para ir para o PL, mais R$ 30 mil mensais. Mabel diz que a acusação é "mentirosa".
"Deputado Osmar Serraglio, uma lista de nomes dessa é um desastre na vida de uma pessoa", disse Mabel, que pontuou seu discurso com expressões como "por favor" e "eu peço a Vossas Excelências". Não satisfeito, ele ainda ficou agachado depois atrás da Mesa Diretora, tentando convencer Serraglio em uma conversa particular.
Segundo o relator, a única referência a Mabel na CPI, assim como ao deputado Pedro Henry (PP-MT), foi feita pelo deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ), não havendo documentos contra eles. Jefferson foi o autor das denúncias sobre o "mensalão", a suposta compra de apoio parlamentar pelo governo.
Serraglio refutou o argumento de que o processo já aberto no Conselho de Ética seria suficiente. "No decorrer da manifestação do deputado Roberto Jefferson ele elencou os que estão envolvidos com o "mensalão". Outro assunto é o da deputada Raquel, que é um episódio específico", disse o relator.
Mabel recebeu a solidariedade do deputado Jorge Bittar (PT-RJ). "Falta uma linha de investigação nessa comissão. Uma série de equívocos estão sendo cometidos, inclusive essa lista. Roberto Jefferson não tem credibilidade e isso é uma matéria da CPI do Mensalão", disse Bittar. Sete petistas devem entrar no relatório parcial.
A intervenção de Bittar irritou Serraglio. "Temos foco sim, toda parte técnica está trabalhando, temos transparência."
A CPI dos Correios ouve amanhã o ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil Henrique Pizzolato.


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