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SENHOR, PIEDADE
Deputado do PL pediu "piedade" aos integrantes da CPI dos Correios, mas não foi atendido
Mabel pede para sair da lista dos "cassáveis"
FERNANDA KRAKOVICS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Com voz de choro, o deputado
Sandro Mabel (PL-GO) pediu
"piedade" ontem aos integrantes da CPI dos Correios ao fazer
um apelo para que seu nome seja excluído do relatório parcial
da comissão que pedirá a cassação de deputados. Ele não conseguiu sensibilizar o relator da
CPI, deputado Osmar Serraglio
(PMDB-PR).
Mabel está entre os 18 parlamentares que receberam notificação da CPI para se defenderem, por escrito, das acusações
de quebra de decoro por estarem supostamente envolvidos
com o "mensalão". Eles têm cinco dias úteis para responder.
O deputado apareceu de surpresa na sessão da CPI, onde
nunca havia comparecido. Um
dos principais argumentos utilizados por ele foi o de que já enfrenta um processo no Conselho
de Ética da Câmara.
"Não quero estar em mais uma
lista, olhem com carinho. Os senhores estão ralando quem já está ralado. Para onde vão me
mandar mais? Me ajudem, tenham piedade", disse ele, quase
chorando.
Serraglio pretende dividir os 18
deputados em dois grupos. Uma
parte será encaminhada ao Conselho de Ética, com recomendação de cassação, porque haveria
provas de quebra de decoro. Os
outros, contra os quais pesariam
apenas indícios, serão enviados
para a CPI do Mensalão, que
continuaria as investigações. Esse relatório tem que ser votado
pela CPI dos Correios.
O processo contra Mabel foi
aberto no Conselho de Ética por
causa de uma denúncia da deputada licenciada Raquel Teixeira
(PSDB-GO), segundo a qual o
deputado lhe ofereceu R$ 1 milhão para ir para o PL, mais R$
30 mil mensais. Mabel diz que a
acusação é "mentirosa".
"Deputado Osmar Serraglio,
uma lista de nomes dessa é um
desastre na vida de uma pessoa",
disse Mabel, que pontuou seu
discurso com expressões como
"por favor" e "eu peço a Vossas
Excelências". Não satisfeito, ele
ainda ficou agachado depois
atrás da Mesa Diretora, tentando
convencer Serraglio em uma
conversa particular.
Segundo o relator, a única referência a Mabel na CPI, assim como ao deputado Pedro Henry
(PP-MT), foi feita pelo deputado
Roberto Jefferson (PTB-RJ), não
havendo documentos contra
eles. Jefferson foi o autor das denúncias sobre o "mensalão", a
suposta compra de apoio parlamentar pelo governo.
Serraglio refutou o argumento
de que o processo já aberto no
Conselho de Ética seria suficiente. "No decorrer da manifestação do deputado Roberto Jefferson ele elencou os que estão envolvidos com o "mensalão". Outro assunto é o da deputada Raquel, que é um episódio específico", disse o relator.
Mabel recebeu a solidariedade
do deputado Jorge Bittar (PT-RJ). "Falta uma linha de investigação nessa comissão. Uma série de equívocos estão sendo cometidos, inclusive essa lista. Roberto Jefferson não tem credibilidade e isso é uma matéria da
CPI do Mensalão", disse Bittar.
Sete petistas devem entrar no relatório parcial.
A intervenção de Bittar irritou
Serraglio. "Temos foco sim, toda
parte técnica está trabalhando,
temos transparência."
A CPI dos Correios ouve amanhã o ex-diretor de Marketing
do Banco do Brasil Henrique
Pizzolato.
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