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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/COFRE ABERTO
Em meio à crise política, Planejamento anuncia a maior liberação de recursos do ano
Governo libera R$ 1 bilhão para gastos dos ministérios
JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em meio à crise política, o governo anunciou ontem a maior liberação de recursos do ano, ampliando em R$ 1 bilhão o limite
para gastos dos ministérios. Segundo o ministro Paulo Bernardo
(Planejamento), a medida não
tem relação com o cenário político, mas admitiu que parcela dos
recursos poderão atender emendas parlamentares.
"O governo tem dado demonstrações de que a crise será resolvida por meio políticos. Não fizemos nenhuma ação que relacione
a política econômica com a crise.
(...) Precisaríamos do Orçamento
inteiro para tentar resolver esse
problema. Não vamos fazer nenhuma gestão temerária", disse.
A decisão sobre a liberação de
R$ 1 bilhão foi tomada ontem em
reunião do presidente Luiz Inácio
Lula da Silva com os ministros
Dilma Rousseff (Casa Civil), Antonio Palocci Filho (Fazenda) e
Paulo Bernardo.
No início do ano, o governo tinha contingenciado R$ 15,9 bilhões do Orçamento aprovado
pelo Congresso. Até agora, somente R$ 700 milhões haviam sido desbloqueados para gastos em
custeio e investimento.
Do R$ 1 bilhão liberado ontem,
R$ 500 milhões já tinham sido
anunciados pela área econômica
em julho. São recursos vindos de
arrecadação extra. Os outros R$
500 milhões foram liberados porque o governo decidiu cancelar
restos a pagar relativos a 2004.
Restos a pagar são despesas
contratadas em determinado
exercício, mas que são liquidadas
no ano seguinte. De acordo com o
Planejamento, esse cancelamento
é possível, pois os órgãos já informaram que não liquidarão tais
despesas.
A Infraero foi a maior beneficiada com a liberação. Serão R$ 350
milhões para obras em aeroportos. O Ministério da Fazenda aparece em segundo lugar, com ampliação do limite em R$ 170 milhões. O Planejamento informou
que o dinheiro será destinado à
recém-criada "Super-Receita".
Demanda
Paulo Bernardo disse que a demanda dos ministérios por ampliação dos limites de gasto é muito grande. Afirma que, para atender aos pedidos de todos os ministros o governo teria que desbloquear R$ 5 bilhões.
Os recursos liberados ontem
não incluem os gastos adicionais
que o governo enfrentará com o
reajuste dos militares. Neste ano,
o aumento salarial de 10% terá
um impacto de R$ 908 milhões
nas contas do governo federal.
A área econômica pretende cobrir essa despesa com recursos
provenientes de arrecadação extra. Somente no mês de julho,
houve uma receita adicional de
R$ 1,3 bilhão.
Nesta semana, avisa o ministro,
o governo deverá editar decreto
remanejando verba do projeto-piloto de R$ 2,8 bilhões para investimento em infra-estrutura. Os
recursos aplicados no projeto não
entram no cálculo do superávit
primário (receita menos despesas, exceto os juros da dívida).
O governo havia definido um
conjunto de obras a serem atendidas com esse projeto, mas algumas delas estão com a execução
muito atrasada. Por esse motivo,
os recursos serão destinados para
outros projetos prioritários.
"Estamos avaliando o andamento dos projetos. Alguns estão
caminhado mais rápido. Outros
estão em marcha lenta e não vão
precisar dos recursos."
O ministro reafirmou ainda que
a meta de superávit para o próximo ano será de 4,25% do PIB
(Produto Interno Bruto). Para este ano, a meta é a mesma, embora
os resultados divulgados até agora indiquem que o superávit está
acima de 5%.
"Mas no segundo semestre os
gastos são maiores. Além disso, a
Receita Federal ainda tem R$ 13
bilhões a serem devolvidos em
restituições", declarou o ministro.
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