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Alstom atrasa investigação, diz Ministério Público suíço
Segundo o órgão, documentos obtidos em operação policial foram lacrados pela empresa
Porta-voz da Alstom não comenta a queixa feita pelo Ministério Público e anuncia intenção de processar o diário "Wall Street Journal"
MARCELO NINIO
DE GENEBRA
A empresa francesa Alstom
está bloqueando as investigações na Suíça em torno da suspeita de que pagou propinas para vencer licitações públicas
em países estrangeiros, incluindo o Brasil. A queixa é do
Ministério Público suíço, que
conduz 2 das 3 investigações
sobre o caso no país.
No último dia 21, um ex-executivo da Alstom foi preso durante operação policial na Suíça, com apreensão em vários
escritórios da empresa no país.
As autoridades não divulgaram
o nome do suspeito, mas o jornal francês "Le Monde" o identificou como Bruno Kaelin, suíço que teria coordenado o pagamento das propinas.
Em mensagem enviada à Folha, uma porta-voz do Ministério Público disse que uma grande quantidade de documentos
obtidos na operação policial foi
lacrada por iniciativa da Alstom, o que está atrasando a investigação. Jeannette Balmer
não informou se e quais meios
legais foram usados para impedir a análise dos documentos,
mas lamentou que a Alstom
não esteja ajudando.
"No que se refere a seus procedimentos, o Ministério Público não está em posição de
confirmar a disposição em cooperar que foi comunicada pela
Alstom", diz a porta-voz. Ela
acrescenta que tal disposição
"será colocada novamente em
teste" em breve, quando funcionários da empresa forem
convocados a depor.
Ainda segundo a porta-voz, o
o Ministério Público quer que o
ex-executivo permaneça detido. As suspeitas contra ele são
de "gestão fraudulenta, corrupção e lavagem de dinheiro".
Segundo o "Le Monde", Bruno Kaelin coordenou o pagamento das propinas a funcionários públicos estrangeiros através da Cegelec, empresa francesa que fazia parte da Alstom.
Entre esses pagamentos, diz o
jornal, estariam cerca de
US$ 20 milhões que garantiram o sucesso em licitações no
Brasil e na Venezuela.
O Ministério Público suíço
confirma que as investigações
estão bem adiantadas e envolvem "o possível pagamento de
propinas", inclusive no Brasil,
entre 1998 e 2003.
Procurado pela Folha, o porta-voz da Alstom na França
não quis fazer comentários sobre a investigação ou sobre a
queixa do órgão suíço. Mas enviou um comunicado em que
anuncia a intenção de processar o "Wall Street Journal".
O jornal disse em reportagem que o montante pago em
propinas pela Alstom entre
2001 e 2008 pode chegar
a US$ 500 milhões.
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