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FHC se reúne com comando de campanha e pede empenho; presidente do PSDB vê "estelionato eleitoral" do PT
Serristas unificam 'teoria do caos'
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Após reunião com o presidente
Fernando Henrique Cardoso -a
primeira nesta campanha presidencial realizada no Palácio da
Alvorada-, o comando político
da campanha do presidenciável
tucano, José Serra, unificou o discurso de que a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pode significar caos econômico e administrativo para o país e classificou a
campanha petista de "estelionato
eleitoral".
O presidente pediu empenho
dos líderes para prestigiar a candidatura Serra. A proposta é sair
do isolamento do primeiro turno
e mobilizar 3.000 prefeitos do
PSDB, PMDB e PFL nesta semana. Ficou marcada para a próxima quarta outra reunião no Alvorada, a quatro dias das eleições.
FHC, segundo relato dos presentes, assentiu com a cabeça
quando o presidente do PSDB, o
deputado federal José Aníbal
(SP), usou a expressão "estelionato eleitoral". Na reunião com líderes e presidentes de partidos, FHC
deu a entender que aprova a linha
dura do programa de TV de Serra.
Em alusão indireta a Lula, afirmou: "Estão prometendo isso e
aquilo, mundos e fundos, mas, na
hora de governar, vão ver como é
difícil". O próprio presidente lembrou de sua célebre frase de que
seria "fácil governar o Brasil".
FHC falou que se enganou.
De acordo com aliados que participaram do encontro, o presidente manterá, em público, a
mesma "compostura" exibida anteontem, quando disse, em discurso na CNI (Confederação Nacional da Indústria), que o caminho do país será mantido seja
quem for seu sucessor.
Para eles, a declaração foi um
recado a respeito da força das instituições democráticas brasileiras
para o público externo e não contradiz a atual campanha tucana.
"Tem horas em que o governo é
uma coisa e a campanha é outra
mesmo. O presidente fala para
dentro toda hora e fala para fora
toda hora. Ele tem sabido se envolver na campanha com compostura e não se envolver a partir
do momento em que a compostura falisse", explicou o deputado
Arthur Virgílio (PSDB-AM), líder
do governo no Congresso.
"Estelionato eleitoral"
Aníbal afirmou após a reunião
que Lula teria assumido tantos
compromissos que "não se pode
saber o caminho para o Brasil, tal
é o grau de indefinição e de dissimulação da campanha. Não se sabe o que significará um governo
do PT. É quase um estelionato
eleitoral".
Segundo relato de Aníbal, FHC
teria concordado com a avaliação
do comando da campanha: "O
presidente disse que compartilha
conosco dessa avaliação". Questionado sobre as declarações feitas no dia anterior por FHC na
CNI, Aníbal disse que foi uma
afirmação de quem tem a responsabilidade de governar o país.
Segundo o deputado Michel Temer (SP), presidente do PMDB,
FHC desempenha dois papéis distintos nestas eleições. "Há uma
exigência do cenário internacional de revelar que nós estamos vivendo plenamente o sistema democrático, e, seja qual for o candidato eleito, o Brasil vai continuar.
Mas não há dúvida, hoje isso ficou
muito definido, que segurança
absoluta nós teremos é com o
candidato Serra", disse Temer,
para quem "uma coisa é o presidente do país, outra coisa é o presidente interessado na eleição de
José Serra". O líder do PMDB na
Câmara, Geddel Vieira Lima
(BA), disse que FHC teve a intenção de frear "qualquer perspectiva de golpe ou atentado à democracia" em seu último discurso.
"Nunca vi o candidato [Serra]
dizer na televisão que a vitória de
quem quer que seja possa significar ferir as instituições democráticas. O que o candidato tem dito na
televisão é que a vitória de um
programa que não tem consistência pode significar o caos do ponto de vista econômico e administrativo e um retrocesso do país
nessa inserção mundial", disse.
Para os aliados, as propostas de
Lula não são consistentes com o
controle e as metas de inflação. "O
PT vai reajustar o funcionalismo
público, vai reaparelhar as Forças
Armadas, vai fazer as casas populares que prometeu, vai baixar os
juros drasticamente, ou quando
chegar à realidade tudo vai ser diferente?", ironizou Arthur Virgílio. Segundo ele, o compromisso
sério significa "sacrificar qualquer coisa", inclusive aumentar as
taxas de juros em detrimento da
candidatura.
Nos últimos nove dias de campanha, Serra vai insistir em mais
duas teses: Lula estaria fugindo
dos debates porque não está preparado para debater, e o PT estaria sendo derrotado nos Estados
que governa. Na avaliação de
FHC é muito difícil, mas Serra
ainda teria condições de reverter a
larga desvantagem em relação a
Lula. Segundo a pesquisa Datafolha divulgada no domingo, Lula
teve 58% contra 32% de Serra.
A eventual "virada", expressão
usada pelos aliados de Serra, estaria baseada no tripé: programa no
horário eleitoral gratuito crítico,
mobilização dos prefeitos que
apóiam o tucano e insistir em realizar mais de um debate de TV entre o tucano e o petista.
Participaram do encontro: Marco Maciel, Michel Temer, José
Aníbal, Jarbas Vasconcelos, Arthur Virgílio, Renan Calheiros,
Geddel Vieira Lima, Heráclito
Fortes, Jutahy Magalhães e Gilberto Kassab.
(LEILA SUWWAN, KENNEDY ALENCAR, LUCIO VAZ e ELIANE
CANTANHÊDE)
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