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VISÃO DE FORA
Executivo japonês fala de "década perdida" do país
Para presidente da Sony, Brasil deve implantar mudanças na economia
RODOLFO LUCENA
ENVIADO ESPECIAL A TÓQUIO
Uma gargalhada. Essa foi a reação do presidente do conselho de
administração da Sony, Noboyuki Idei, quando foi indagado se
hoje ainda valia a afirmação do
ex-presidente da Fiesp Mario
Amato, que em 1989 disse que 800
mil empresários deixariam o Brasil caso Lula vencesse a disputa
pela Presidência.
"Não acredito que ele ordenasse
que eu saísse", afirmou o presidente da Sony do Brasil, Minoru
Itaya, que também estava presente ao encontro do dirigente da
corporação com dois jornalistas
brasileiros.
Para Idei, 65, independentemente das dificuldades econômicas do Brasil e do resultado das
eleições, a missão da empresa é
estabelecer seus negócios no país.
Mas isso não significa que o empresário, que dirige um gigante
que faturou cerca de US$ 57 bilhões em 2001 (a 34ª empresa do
mundo em faturamento, segundo
a revista "Forbes") considere
tranquila a situação brasileira.
"O Brasil tem um enorme potencial, mas, por causa de razões
políticas, deixou passar os últimos dez anos. Na Argentina e no
Brasil, fala-se muito da "década
perdida". Esse é um bom momento para pensar sobre seus planos
econômicos para os próximos
dez anos."
"Não sei que tipo de crise econômica vocês estão enfrentando"
-continuou Idei, que ocupa o
cargo que já foi do lendário empresário Akio Morita, "mas acho
que o Brasil também tem de mudar o sistema de sua economia.
Historicamente, a América e o
Brasil têm tido uma relação de negócios muito delicada. Mas no futuro deve-se pensar no papel do
Brasil e no papel dos Estados Unidos de forma independente".
Ele comentou que as mudanças
no país deveriam atingir vários
setores. Por exemplo, a situação
na Zona Franca de Manaus, onde
a Sony tem fábrica.
"Por que temos de manter uma
fábrica tão longe do mercado
consumidor? Não há razões econômicas para isso, apenas razões
políticas. Esse é o tipo de coisa sobre a qual você deveria pensar
duas vezes", afirmou o executivo
da Sony.
O jornalista RODOLFO LUCENA viajou a
Tóquio a convite da Sony
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