São Paulo, quinta-feira, 17 de outubro de 2002

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VISÃO DE FORA

Executivo japonês fala de "década perdida" do país

Para presidente da Sony, Brasil deve implantar mudanças na economia

RODOLFO LUCENA
ENVIADO ESPECIAL A TÓQUIO

Uma gargalhada. Essa foi a reação do presidente do conselho de administração da Sony, Noboyuki Idei, quando foi indagado se hoje ainda valia a afirmação do ex-presidente da Fiesp Mario Amato, que em 1989 disse que 800 mil empresários deixariam o Brasil caso Lula vencesse a disputa pela Presidência.
"Não acredito que ele ordenasse que eu saísse", afirmou o presidente da Sony do Brasil, Minoru Itaya, que também estava presente ao encontro do dirigente da corporação com dois jornalistas brasileiros.
Para Idei, 65, independentemente das dificuldades econômicas do Brasil e do resultado das eleições, a missão da empresa é estabelecer seus negócios no país. Mas isso não significa que o empresário, que dirige um gigante que faturou cerca de US$ 57 bilhões em 2001 (a 34ª empresa do mundo em faturamento, segundo a revista "Forbes") considere tranquila a situação brasileira.
"O Brasil tem um enorme potencial, mas, por causa de razões políticas, deixou passar os últimos dez anos. Na Argentina e no Brasil, fala-se muito da "década perdida". Esse é um bom momento para pensar sobre seus planos econômicos para os próximos dez anos."
"Não sei que tipo de crise econômica vocês estão enfrentando" -continuou Idei, que ocupa o cargo que já foi do lendário empresário Akio Morita, "mas acho que o Brasil também tem de mudar o sistema de sua economia. Historicamente, a América e o Brasil têm tido uma relação de negócios muito delicada. Mas no futuro deve-se pensar no papel do Brasil e no papel dos Estados Unidos de forma independente".
Ele comentou que as mudanças no país deveriam atingir vários setores. Por exemplo, a situação na Zona Franca de Manaus, onde a Sony tem fábrica.
"Por que temos de manter uma fábrica tão longe do mercado consumidor? Não há razões econômicas para isso, apenas razões políticas. Esse é o tipo de coisa sobre a qual você deveria pensar duas vezes", afirmou o executivo da Sony.


O jornalista RODOLFO LUCENA viajou a Tóquio a convite da Sony



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