São Paulo, quinta-feira, 17 de outubro de 2002

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NO AR

Do "medo" ao "golpe"

NELSON DE SÁ
EDITOR DA ILUSTRADA

Nem Lula se controlou mais -e saiu falando mal de Regina Duarte.
Obcecado pelo que chama de "apologia do medo" da campanha tucana, o presidenciável petista teria comentado que a atriz tem "medo das novas atrizes da Globo".
Ele, em contraste, não teria "medo das novas lideranças políticas que surgem". Tarso Genro, Cristovam Buarque, Luiza Erudina, Eduardo Suplicy e outros que o digam.
Para além da grosseria, o petista afirmou ontem na Globo que ele nada teme:
- Eu penso nos milhões de brasileiros que querem um novo modelo econômico, é por isso que não tenho medo.
Mas Regina Duarte e a "apologia do medo", que prosseguiam ontem com a aprovação do Tribunal Superior Eleitoral, foram só o princípio do terror de final de campanha.
O presidente do PSDB, ao mesmo tempo em que defendeu a atriz do "patrulhamento" petista, buscou ontem elevar a outro patamar a histeria verbal.
Atacou o "estelionato eleitoral" praticado por Lula. A metros dele, Geddel Vieira Lima, da tropa serrista do PMDB, fez ainda mais.
Procurou dizer que FHC não questionou José Serra, um dia antes, ao criticar os que ameaçam os eleitores com o caos se Lula for eleito. Segundo Geddel, o presidente quis conter a "perspectiva de golpe".
Ou, em outras palavras do mesmo Geddel, no site da Globo:
- Ninguém está falando em golpe, mas é claro que, com uma vitória de Lula, a situação mudaria muito.
 
Lula, fora a irritação com o "medo" da atriz, parece acreditar que já chegou lá.
Na propaganda de ontem, além de jogar uma "nova atriz da Globo" contra Regina Duarte, ele passou a se desviar do embate federal.
Foi o que fez no programa da tarde, abertamente. Ouviu perguntas nada espontâneas de sua "platéia", uma das quais permitiu que falasse contra a "progressão continuada" das escolas paulistas -do tucano Geraldo Alckmin.
O tema foi abordado depois no programa de José Genoino, candidato petista em São Paulo, que indicou que acabará com o sistema se for eleito.
De seu lado, Alckmin dava sinais de estar acuado pela estratégia petista de colar Genoino em Lula. Em seu programa, chegou a dizer:
- Nosso Estado é grande demais para um partido só.
Fora do programa, na cobertura da Jovem Pan, entre outras, o candidato tucano repisou que a eleição paulista "é diferente" da presidencial -e que não se pode "pregar o vote-em-um-e-leve-dois".



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