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NO AR
Do "medo" ao "golpe"
NELSON DE SÁ
EDITOR DA ILUSTRADA
Nem Lula se controlou
mais -e saiu falando mal
de Regina Duarte.
Obcecado pelo que chama de
"apologia do medo" da campanha tucana, o presidenciável petista teria comentado que a atriz
tem "medo das novas atrizes da
Globo".
Ele, em contraste, não teria
"medo das novas lideranças políticas que surgem". Tarso Genro, Cristovam Buarque, Luiza
Erudina, Eduardo Suplicy e outros que o digam.
Para além da grosseria, o petista afirmou ontem na Globo
que ele nada teme:
- Eu penso nos milhões de
brasileiros que querem um novo
modelo econômico, é por isso
que não tenho medo.
Mas Regina Duarte e a "apologia do medo", que prosseguiam ontem com a aprovação
do Tribunal Superior Eleitoral,
foram só o princípio do terror de
final de campanha.
O presidente do PSDB, ao mesmo tempo em que defendeu a
atriz do "patrulhamento" petista, buscou ontem elevar a outro
patamar a histeria verbal.
Atacou o "estelionato eleitoral" praticado por Lula. A metros dele, Geddel Vieira Lima,
da tropa serrista do PMDB, fez
ainda mais.
Procurou dizer que FHC não
questionou José Serra, um dia
antes, ao criticar os que ameaçam os eleitores com o caos se
Lula for eleito. Segundo Geddel,
o presidente quis conter a "perspectiva de golpe".
Ou, em outras palavras do
mesmo Geddel, no site da Globo:
- Ninguém está falando em
golpe, mas é claro que, com uma
vitória de Lula, a situação mudaria muito.
Lula, fora a irritação com o
"medo" da atriz, parece acreditar que já chegou lá.
Na propaganda de ontem,
além de jogar uma "nova atriz
da Globo" contra Regina Duarte, ele passou a se desviar do embate federal.
Foi o que fez no programa da
tarde, abertamente. Ouviu perguntas nada espontâneas de sua
"platéia", uma das quais permitiu que falasse contra a "progressão continuada" das escolas
paulistas -do tucano Geraldo
Alckmin.
O tema foi abordado depois no
programa de José Genoino, candidato petista em São Paulo,
que indicou que acabará com o
sistema se for eleito.
De seu lado, Alckmin dava sinais de estar acuado pela estratégia petista de colar Genoino
em Lula. Em seu programa, chegou a dizer:
- Nosso Estado é grande demais para um partido só.
Fora do programa, na cobertura da Jovem Pan, entre outras,
o candidato tucano repisou que
a eleição paulista "é diferente"
da presidencial -e que não se pode "pregar o vote-em-um-e-leve-dois".
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