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SEGUNDO TURNO
Petista diz que não pretende conversar com representante do comércio exterior dos EUA, a quem chamou de "sub do sub"
Lula quer debater Alca com 'companheiro Bush'
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O candidato do PT à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva, disse
que, se eleito, vai discutir a Alca
"diretamente com o companheiro Bush" porque não é "papel"
dele falar da Área de Livre Comércio das Américas com Robert
Zoellick, representante do comércio exterior dos EUA, cujo cargo é
equivalente ao de ministro.
Lula afirmou que conversaria
sobre Alca com o presidente dos
EUA, George W. Bush, a quem
chamou de "companheiro" em
tom de brincadeira, ao responder
a uma pergunta da Folha se não
seria importante um candidato a
presidente saber quem é Zoellick.
Na edição de domingo do jornal
norte-americano "The Miami
Herald", o auxiliar de Bush disse
que ou o Brasil aceita a Alca ou terá de fazer comércio com a "Antártida". Zoellick afirmou que, em
caso de recusa brasileira, os EUA
priorizariam outros países.
Anteontem, ao ser indagado sobre o recado duro de Zoellick ao
Brasil, Lula disse que não responderia "ao sub do sub do sub do secretário americano". "Quem vai
discutir com ele será o meu ministro ou o meu negociador."
Ontem, o petista disse que, se
vencer a eleição no dia 27, visitará
Bush ou convidará o presidente
dos EUA a vir ao Brasil para fazer
"uma discussão de alto nível e de
forma soberana, porque interessa
ao Brasil integração e não anexação quando o assunto é a Alca".
A Alca é uma zona de livre comércio que pretende, a partir de
2005, envolver os 34 países americanos, com exceção de Cuba. O
presidenciável petista declarou
que, numa eventual conversa
com o presidente americano, buscará "um ponto de equilíbrio".
Sobre a declaração de anteontem de que não interpretaria as
declarações de uma pessoa que
não conhecia, Lula disse: "Não
creio que o presidente Bush tenha
a obrigação de saber o nome dos
membros do primeiro e do segundo escalão do presidente Fernando Henrique Cardoso. Um
presidente tem de fixar diretrizes
e tomar decisões para defender o
seu povo. Isso é o que o Bush faz e
é o que pretendo fazer".
Lula disse que discutirá a Alca
com os EUA "exatamente como
os EUA discutirão com o Brasil".
Ele afirmou que a forma contundente como os EUA defendem
seus interesses devem servir de
"modelo" para o Brasil. Afirmou
ainda que, assim como os EUA,
também há outros países interessados em aumentar o comércio
bilateral com o Brasil, além daqueles que vão compor a Alca.
No Rio, o presidente do PT, José
Dirceu, afirmou que foram "infelizes" as declarações de Zoellick.
"O próprio presidente Fernando Henrique já disse que a Alca
não é destino, a Alca é opção. A
Alca tem de atender os interesses
de todos os países das Américas,
não só dos EUA. Nosso destino é
o Mercosul", afirmou Dirceu, ressaltando que o protecionismo
americano é que impede o aumento das relações Brasil-EUA.
O presidente do PT disse que o
governo Lula não terá nenhuma
política de confronto ideológico
com os EUA.
Colaborou a Sucursal do Rio
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