São Paulo, quinta-feira, 17 de outubro de 2002

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"Serra está atirando no pé", afirma Dirceu

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente do PT, José Dirceu, disse ontem que um governo Lula não levará o país a uma grave crise, que a inflação já voltou no governo FHC e que o tucano José Serra perdeu a preocupação com o Brasil diante da possibilidade de derrota eleitoral.
"[A inflação] não vai voltar com o PT, já está aí. O povo está sofrendo na pele os efeitos da alta do dólar, da inflação", afirmou Dirceu, subindo o tom em relação ao presidente Fernando Henrique Cardoso, com quem tem boa relação e mantém conversas e encontros sigilosos.
"O Serra está atirando no pé dele e no coração do Brasil. Ele perdeu a perspectiva do interesse nacional, só pensa em eleição", atacou Dirceu, coordenador-geral da campanha presidencial do PT, que bateu duro em resposta à escalada dos ataques do PSDB a Luiz Inácio Lula da Silva no horário eleitoral gratuito e ao discurso tucano de que um governo petista trará de volta a inflação.
Dirceu afirmou que o "terrorismo econômico" adotado pela campanha tucana foi rejeitado pelo eleitor no primeiro turno e prejudicou o país, não Lula.
O presidente do PT disse haver exploração da crise econômica na campanha eleitoral em um "momento difícil". "A situação é crítica, o Brasil está exposto e sabemos que vamos passar por um período difícil", afirmou.
Segundo o petista, a exemplo do que fez em junho, quando divulgou a "Carta ao Povo Brasileiro" assumindo compromissos com a estabilidade econômica, a responsabilidade fiscal e os contratos em vigor, o PT está disposto a colaborar para evitar o agravamento da crise no país.
O coordenador do programa de governo petista, Antônio Palocci, disse que, se for necessário para ajudar o país, Lula poderá retomar o compromisso assumido naquele mês. "É um compromisso de governo. Não é para ser esquecido", afirmou.
Dirceu descartou a possibilidade de, num eventual governo petista, ser decretada moratória da dívida pública ou centralização do câmbio.
Alguns analistas econômicos internacionais avaliam que, caso Lula seja eleito, a tendência é que a crise econômica se agrave e o país dê calote. O governo dos Estados Unidos teria "planos de contingência" para o caso de calote brasileiro.
"Centralização do câmbio, moratória e calote são palavras que não estão no nosso vocabulário", afirmou Palocci. Ele disse, no entanto, que as medidas do eventual governo Lula para enfrentar a crise econômica e retomar o crescimento do país só serão anunciadas depois de divulgado o resultado das eleições.
"Teremos de fazer a roda girar ao contrário. Para isso, vamos adotar mecanismos sadios de financiamento da produção", argumentou Dirceu.
(LUIZA DAMÉ E KENNEDY ALENCAR)


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