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"Serra está atirando no pé", afirma Dirceu
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente do PT, José Dirceu, disse ontem que um governo
Lula não levará o país a uma grave
crise, que a inflação já voltou no
governo FHC e que o tucano José
Serra perdeu a preocupação com
o Brasil diante da possibilidade de
derrota eleitoral.
"[A inflação] não vai voltar com
o PT, já está aí. O povo está sofrendo na pele os efeitos da alta do
dólar, da inflação", afirmou Dirceu, subindo o tom em relação ao
presidente Fernando Henrique
Cardoso, com quem tem boa relação e mantém conversas e encontros sigilosos.
"O Serra está atirando no pé dele e no coração do Brasil. Ele perdeu a perspectiva do interesse nacional, só pensa em eleição", atacou Dirceu, coordenador-geral da
campanha presidencial do PT,
que bateu duro em resposta à escalada dos ataques do PSDB a
Luiz Inácio Lula da Silva no horário eleitoral gratuito e ao discurso
tucano de que um governo petista
trará de volta a inflação.
Dirceu afirmou que o "terrorismo econômico" adotado pela
campanha tucana foi rejeitado
pelo eleitor no primeiro turno e
prejudicou o país, não Lula.
O presidente do PT disse haver
exploração da crise econômica na
campanha eleitoral em um "momento difícil". "A situação é crítica, o Brasil está exposto e sabemos
que vamos passar por um período
difícil", afirmou.
Segundo o petista, a exemplo do
que fez em junho, quando divulgou a "Carta ao Povo Brasileiro"
assumindo compromissos com a
estabilidade econômica, a responsabilidade fiscal e os contratos em
vigor, o PT está disposto a colaborar para evitar o agravamento da
crise no país.
O coordenador do programa de
governo petista, Antônio Palocci,
disse que, se for necessário para
ajudar o país, Lula poderá retomar o compromisso assumido
naquele mês. "É um compromisso de governo. Não é para ser esquecido", afirmou.
Dirceu descartou a possibilidade de, num eventual governo petista, ser decretada moratória da
dívida pública ou centralização
do câmbio.
Alguns analistas econômicos
internacionais avaliam que, caso
Lula seja eleito, a tendência é que
a crise econômica se agrave e o
país dê calote. O governo dos Estados Unidos teria "planos de
contingência" para o caso de calote brasileiro.
"Centralização do câmbio, moratória e calote são palavras que
não estão no nosso vocabulário",
afirmou Palocci. Ele disse, no entanto, que as medidas do eventual
governo Lula para enfrentar a crise econômica e retomar o crescimento do país só serão anunciadas depois de divulgado o resultado das eleições.
"Teremos de fazer a roda girar
ao contrário. Para isso, vamos
adotar mecanismos sadios de financiamento da produção", argumentou Dirceu.
(LUIZA DAMÉ E KENNEDY ALENCAR)
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