São Paulo, quinta-feira, 17 de outubro de 2002

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DISTRITO FEDERAL

Material continha ofensas ao candidato do PT e estava em dois veículos, com cópias de RGs e títulos de eleitor

11 são detidos com panfletos contra Magela

IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A Justiça Eleitoral apreendeu ontem dois automóveis e deteve 11 pessoas pela distribuição de reproduções clandestinas de jornal com material ofensivo ao candidato petista ao governo do Distrito Federal, Geraldo Magela.
Um carro estava estacionado em frente a um comitê do governador Joaquim Roriz (PMDB), candidato à reeleição, que disputa o segundo turno com Magela. Os dois automóveis tinham adesivos, faixas e material de campanha do peemedebista. A Polícia Federal vai investigar se existe responsabilidade de Roriz no episódio.
No carro apreendido em frente ao comitê de Roriz, a PF encontrou diversas folhas contendo cópias de carteiras de identidade, títulos de eleitor, endereço e telefone de eleitores. Segundo o advogado petista Bruno Ferreira, o PMDB estaria coagindo pessoas a votarem em Roriz, afirmando que poderiam checar nas zonas eleitorais se o voto foi confirmado.
Uma das detidas é a sub-administradora da região do Varjão, Zoê Gonzada. O cargo que ela ocupa é de confiança, nomeado pelo governo do Distrito Federal. Para a polícia, ela disse que estava só ao lado dos panfletos.
Foram encontrados sete recibos, um de R$ 303,33 e seis de R$ 200, expedidos pelo "Comitê de Lideranças do Núcleo Bandeirante Pró-[Tadeu] Filipelli [reeleito deputado federal pelo PMDB"".
As reproduções foram impressas em formato tablóide e contêm cópia de reportagem veiculada pelo "Jornal de Brasília" no dia 14, segundo a qual Fernando Rios, ex-chefe de gabinete de Magela na Câmara Legislativa, em 97, teria recebido "milhares de dólares" para regularizar um condomínio.
Segundo Paulo Pestana, 45, diretor de redação do jornal, houve uma "apropriação indébita de logotipo, formatação e conteúdo". Em editorial na primeira página de ontem, o "Jornal de Brasília" afirma que não autorizou a reprodução e que "repudia" a ação.
Também foram apreendidos panfletos de propaganda do "cheque-família", um benefício social prometido por Roriz no valor de R$ 100. Os papéis possuem foto e número do candidato e se assemelham a uma folha de cheque.
A distribuição de material ofensivo a outro candidato é crime eleitoral. Se condenados, os militantes detidos podem receber pena de seis meses a dois anos de prisão, mais multa. O juiz Donizete Aparecido da Silva, que assinou o mandado de busca e apreensão, afirmou que não analisou o material publicado pelo "Jornal de Brasília" na segunda, apenas os tablóides anexados pelo PT em representação contra Roriz.
O advogado do governador, Adolfo da Costa, disse que designou uma pessoa para acompanhar a apreensão do material.
Segundo Costa, caso investigação da PF comprove a existência de irregularidade, a defesa da coligação Frente Brasília Solidária, que apóia Roriz, deverá afastar a pessoa responsável, pois haveria determinação do governador para que todos os militantes e cabos eleitorais respeitem a legislação.
A assessora de imprensa do comitê de Magela, Juciara Santos, 36, foi ao comitê de Roriz pedir o tablóide para distribuir, fingindo-se de militante do PMDB. Ao descobrir o carro com material no porta-malas, avisou a Justiça Eleitoral. Durante o recolhimento do Fiat Oggi, placas JFN-7419, militantes dos partidos discutiram.
Militantes petistas passaram o dia na sede da PF avisando sobre novos "focos" de distribuição do material contra o candidato.



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