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RORAIMA
Funcionária pública diz que servidores eram contratados como "boqueiros"
PF acha simulador e apura boca-de-urna
ROBERTO COSSO
DA REPORTAGEM LOCAL
ANDRÉA MICHAEL
EM SÃO PAULO
A Polícia Federal em Roraima
apreendeu dois simuladores de
urnas eletrônicas que teriam sido
usados para treinar eleitores em
Boa Vista. Os policiais federais
também investigam o pagamento
de até R$ 100 a pessoas que teriam
feito boca-de-urna nas eleições de
6 de outubro e o uso de funcionários da Prefeitura de Boa Vista na
contratação de "boqueiros".
Na última segunda-feira à noite,
Gilma Gonçalves, que é funcionária da Prefeitura de Boa Vista,
prestou um depoimento à PF no
qual disse que a prefeita da cidade, Teresa Jucá, usou a máquina
pública para beneficiar as candidaturas de seu marido, Romero
Jucá, reeleito senador, e de Ottomar Pinto (PDT), que disputará o
segundo turno para governador
contra Flamarion Portela (PST).
Gilma disse à PF que foi designada para contratar, por R$ 100,
350 pessoas para fazer boca-de-urna para os candidatos apoiados
pela prefeita. O pagamento, segundo Gilma, seria feito em duas
parcelas: uma antes e outra depois das eleições do dia 6.
Como muitas pessoas não receberam a segunda parcela, alguns
comitês de Jucá e Pinto ficaram
cheios de "boqueiros" que reclamavam o pagamento. Os boqueiros também procuraram Gilma para cobrar o dinheiro.
A partir do depoimento de Gilma, a PF apreendeu ontem pelo
menos dois simuladores de votos,
que teriam sido utilizados pelo
grupo político da prefeita.
Pequenos computadores, os simuladores somente aceitavam
voto nos candidatos apoiados pela prefeita: José Serra (PSDB) para
presidente, Ottomar Pinto (PDT)
para governador e Romero Jucá
(PSDB) para senador.
Também foram apreendidas relações de nomes de eleitores e mapas de votação que poderiam ser
utilizados para organizar a distribuição de dinheiro entre as pessoas que fizeram boca-de-urna.
Antes do primeiro turno, a PF já
havia apreendido uma urna manual dentro da Empresa Municipal de Urbanização de Bela Vista.
Um funcionário público foi preso
em flagrante com a urna.
O uso de simuladores de votos e
a compra de votos são atos tipificados como crimes eleitorais.
Além disso, o Ministério Público eleitoral poderá pedir a abertura de processos com base na Lei
das Inelegibilidades. Em tese, pode ter havido abuso dos poderes
econômico e político. Os envolvidos negam.
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