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PIAUÍ
Futuro senador, que fora cassado, afirma que FHC devia dizer a Serra que "se mancasse"
Para Mão Santa, eleito, foi feita 'justiça'
ALESSANDRA KORMANN
DA AGÊNCIA FOLHA
Único governador cassado na
história do Brasil, Francisco de
Assis de Moraes Souza, o Mão
Santa (PMDB), diz que foi feita a
"justiça de Deus e do povo", depois de conquistar a segunda vaga
ao Senado pelo Piauí com 664.600
votos -26,8% dos votos válidos.
Mão Santa teve mais votos do
que o governador Hugo Napoleão (PFL), que perdeu a disputa
estadual Wellington Dias (PT).
Napoleão assumiu em novembro do ano passado, depois de
vencer no TSE (Tribunal Superior
Eleitoral) um processo em que
acusava o então governador Mão
Santa de abuso de poder econômico nas eleições de 1998.
Mão Santa falou à Agência Folha no sábado, na véspera de completar 60 anos, antes de assistir a
uma missa em comemoração ao
seu aniversário e à sua vitória.
Agência Folha - Como é vencer
uma eleição após ter sido cassado?
Mão Santa - A justiça de Deus e
do povo reparou a maior indignidade feita na história política do
país. O povo não queria o interventor, o americano [Hugo Napoleão, que nasceu nos EUA".
Não quis em 98 e não quis agora.
Agência Folha - O sr. se sente vingado com a derrota de Napoleão?
Mão Santa - Não, não sou de vingança. Eu sou Francisco, é paz e
benção, eu sou é de amor.
Agência Folha - O sr. se sente responsável pela vitória de Dias?
Mão Santa - Houve várias revoltas do povo. Primeiro, a revolta
contra a indignidade do processo
jurídico mais imoral da história
do mundo. Segunda revolta: pelo
mau trato que deram ao homem
do campo. Terceira revolta: porque o Piauí está um caos. Foi um
reparo, o tribunal de justiça popular reparou a maior indignidade
que a Justiça comum fez.
Agência Folha - O sr. está fazendo
campanha para Lula?
Mão Santa - Eu votei no Lula.
Nós todos votamos no Lula. O
candidato do governo federal [José Serra" fez a opção dele, ele veio
aqui, fez o primeiro comício dele
aqui. Foi ele que coordenou a
campanha aqui do interventor.
Aliás, participou de todos os episódios do nosso afastamento.
Agência Folha - O sr. acha que
Serra teve alguma participação na
sua cassação?
Mão Santa - Eu acho que ele não
devia nem ser candidato. O Fernando Henrique não diz que é
muito culto, preparado? Então
não estudou a política dos EUA?
Se aqui tivesse colégio eleitoral,
como lá, o Lula teria 25 colégios e
ele não teria dois [na verdade, Lula venceu em 23 Estados e no DF,
e Serra em AL" . Nos EUA ele já tinha perdido. Lá não é um modelo
de democracia? Esse presidente
que diz que é sabido, entendido,
devia chamar o pupilo dele e dizer: "Rapaz, te manca, tu já perdeu" [sic". Num mundo democrático, ele já estaria despachado.
Agência Folha - Qual vai ser sua
atuação no Senado em um eventual governo Serra?
Mão Santa - Não existe essa hipótese. É mais fácil ter um dilúvio.
Agência Folha - Nesta eleição, vários caciques não conseguiram se
eleger, como Maluf, Quércia, Brizola e Collor. Como o sr. vê isso?
Mão Santa - Eu me inspiro muito
naquele que eu acho o maior símbolo de liderança, Winston Churchill [primeiro-ministro britânico
entre 40 e 45 e 51 e 55". E ele disse
o seguinte: "Política é como a
guerra, com a diferença de que na
guerra a gente só morre uma vez
e, na política, várias vezes".
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